Quando o leite de vaca não é uma opção

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Como outras alergias alimentares, essa é uma reação de hipersensibilidade iniciada por um mecanismo imunológico específico quando o indivíduo fica exposto. No caso, a alergia à proteína do leite de vaca ganha a sigla de APLV e refere-se a todo alimento que contenha esse elemento, uma condição difícil de conviver, principalmente, porque costuma afligir crianças muito novas.

Apesar de às vezes ser confundida, a APLV não é o mesmo que a intolerância à lactose – uma resposta fisiológica anormal que acontece quando o organismo não consegue fazer a “quebra” da lactose por causa da ausência total ou parcial da enzima lactase no intestino.

Por exemplo: crianças com APLV não podem consumir alimentos que contenham leite de vaca e/ou seus derivados, já que a resposta imunológica independe da quantidade ingerida – enquanto aquelas com intolerância a lactose podem consumir leite de vaca e/ou derivados desde que não contenham lactose.

A influência genética é um dos fatores mais associados ao desenvolvimento dessa alergia: filhos de pais alérgicos têm mais chances de desenvolvê-la.

Mas crianças sem história familiar de alergia também podem apresentar APLV e pesquisas já mostraram que oferecer de modo precoce leite de vaca para bebês, principalmente nos primeiros dias de vida, aumenta as chances de a criança desenvolver a doença.

Para esses e outros aspectos que envolvem a alergia à proteína do leite de vaca, o Coração & Vida, portal especializado em saúde que conta com a curadoria do médico cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho, consultou a nutricionista clínica e especialista em terapia nutricional pediátrica do Hospital Sírio-Libanês, Danile Leal Barreto Sampaio.

A especialista explica, entre outras questões, como é lidar com a APLV e a preocupação de saber o que se está comendo para não detonar crises.

Coração & Vida: Que faixa etária atinge a APLV? E por que crianças são os principais pacientes?

O Ministério da Saúde recomenda que se inicie o pré-natal assim que a gravidez for constatada e que sejam feitas, pelo menos, seis consultas durante a gestação.

A alergia à proteína do leite de vaca é mais comum nas crianças abaixo de três anos de idade, com uma maior prevalência entre as crianças menores de um ano. É mais frequente na faixa etária pediátrica por causa da imaturidade do sistema digestivo e imunológico. Alguns pesquisadores também acreditam que há uma predisposição genética à APLV.

C&V: Quais os principais sintomas observados?

A APLV pode se manifestar de diversas maneiras. Alguns dos sintomas mais comuns são urticária, dermatite atópica, rinite, vômitos, eczema, anafilaxia e sintomas gastrointestinais, como diarreia, sangue nas fezes, esofagite, cólica e irritabilidade extrema. Os pacientes geralmente apresentam dificuldade de ganhar peso e déficit de crescimento. Mas, como esses sintomas não são exclusivos da APLV, é necessária uma avaliação minuciosa com um médico especialista e nutricionista para que haja um diagnóstico correto, evitando a restrição desnecessária de alimentos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das crianças.

C&V: Que tipo de medidas (e exames) se faz para diagnosticar a alergia?

A história clínica do paciente tem papel fundamental no diagnóstico da APLV. Mas o padrão principal para diagnosticar essa alergia é o teste de provocação oral (TPO), que consiste na retirada de todos os alimentos que contenham leite de vaca e derivados por um período determinado e após a melhora dos sintomas. Então, deve-se introduzir uma quantidade de proteína do leite de vaca de forma controlada e verificar o retorno dos sintomas. Esse teste deve ser feito sob supervisão médica, principalmente para aqueles pacientes que têm o risco de anafilaxia (reação alérgica aguda). Alguns exames laboratoriais também podem ser realizados, como o prick test, e a dosagem sanguínea de IgE específica para leite de vaca. Mas os resultados dos exames precisar ser “cruzados” com a história clínica e o TPO para um resultado mais específico.

C&V: Quais são os cuidados que se deve ter com um portador de APLV?

Pacientes com APLV devem restringir todo alimento que contenha leite de vaca e derivados em qualquer quantidade. Os adultos precisam conhecer as diversas nomenclaturas utilizadas nos rótulos de alimentos que possam identificar a presença da proteína do leite de vaca – mesmo depois de uma nova legislação em vigor, que obriga a indústria a sinalizar nos rótulos a presença do leite de vaca. Ainda acontece de encontrar no mercado produtos que não seguem o padrão exigido. Também é preciso ter cautela em restaurantes, padarias, lanchonetes, porque, além de poder consumir alimentos que contenham leite de vaca ou derivados, eles podem ter sido preparados em recipiente ou local em que foi manipulado um produto assim, causando contaminação cruzada. Fora de casa, a preferência deve ser por produtos in natura – e, no caso de crianças menores, sempre levar as refeições de casa.

C&V: O que se deve observar nos rótulos dos alimentos para evitar crises?

A presença de leite e derivados ou traços de leite e derivados é o mais importante. Algumas nomenclaturas usadas nos rótulos significam a presença da proteína do leite de vaca, como caseína, lactose, caseinato, hidrolisados, betalactoglobulina, aroma de queijo, etc. De acordo com a nova legislação sobre rotulagem, todas as embalagens devem conter a informação “Alérgicos: contém leite ou traços de leite”.

C&V: Que alimentos podem substituir o leite de vaca?

Existem diversas fórmulas infantis (leite em pó) no mercado que são feitas a base de proteína extensamente hidrolisada do leite de vaca – que são hipoalergênicas e recomendadas para as crianças com diagnóstico de APLV. Em algumas situações, as fórmulas infantis a base de proteína da soja também são recomendadas. Existem também os leites vegetais, como o de arroz, macadâmia, amêndoas, mas estes não devem ser usados como único substituto do leite (principalmente para crianças) pois são de proteínas de baixo valor biológico e que, se utilizadas exclusivamente, podem comprometer crescimento e desenvolvimento. Quanto aos derivados, é possível usar iogurte de soja, creme de leite de soja, leite condensado de soja, tofu. Hoje há uma grande disponibilidade de alimentos, como biscoitos, pães, bolos, isentos de leite de vaca que podem ser consumidos pelos alérgicos. Mas é de fundamental importância o acompanhamento nutricional para o desenvolvimento adequado, visto que o leite de vaca e seus derivados são os principais alimentos das crianças.

C&V: A alergia pode se tornar algo mais grave? Desenvolver alergia à carne bovina, por exemplo?

Uma APLV não diagnosticada e não tratada corretamente pode levar a quadros de desnutrição grave, sim, além de déficit de crescimento e desenvolvimento, comprometimento respiratório, favorecer quadros infecciosos e, em casos mais severos, pode ser fatal. Também há a possibilidade de desenvolver alergia cruzada à proteína de outros alimentos, principalmente a soja e a carne bovina, tornando a dieta ainda mais restritiva e comprometendo ainda mais o estado nutricional.

C&V: Essa alergia tem cura?

Um dos exames mais conhecidos da gravidez não serve apenas para os pais poderem ver o bebê dentro da barriga, ele identifica o desenvolvimento do feto, possíveis anomalias, idade gestacional, se há mais de um feto, entre outras funcionalidades. São normalmente solicitados 4 exames durante a gestação, podendo ser solicitados mais de acordo com a avaliação médica.

Normalmente, a maioria das crianças desenvolve tolerância clínica nos primeiros três anos de vida, mas esse percentual pode ser variável. Existem casos relatados de crianças maiores de oito anos que ainda apresentam sintomas bem específicos de APLV, assim como de pacientes adultos que ainda apresentam alguma manifestação após a ingestão de quantidades maiores de proteína do leite de vaca. Não é possível falar de cura, mas, na maioria dos casos, há remissão dos sintomas, sim.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: Flávia Pegorin para o site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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