Dezembro Vermelho: juntos na luta contra a Aids

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No Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado neste sábado (1), o vice-presidente do Observatório Nacional de Políticas da Aids (ABIA), Veriano Terto Junior comenta que o principal desafio é ainda conscientizar os jovens sobre a prevenção do HIV. Apesar de o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta semana apontar que houve queda de 16,5% no número de mortes de 2014 para cá, Terto explica que é preciso aumentar o número e eficiência das campanhas sobre prevenção direcionadas ao público jovem.

“O que vemos atualmente é uma juventude com conhecimentos muito fragmentados sobre HIV, por culpa de uma falta de política e ações mais capilarizadas que cheguem a essa população. Isso é ainda mais grave nos jovens gays que, por causa do estigma e preconceito, ficam mais distantes da informação correta e tranquilizadora”, analisa.

Na opinião do especialista, o Brasil tem boas políticas de Aids, mas elas não estão atingindo todos e não estão distribuídas de forma que contemple as diferenças econômicas e sociais do País.

A falta de informações nas escolas ou nas famílias que, de acordo com o especialista pode ser um reflexo do conservadorismo, resulta na ignorância do jovem, que recebe informações truncadas e distorcidas pela internet ou redes sociais, o que o deixa vulnerável ao HIV, pois desconhece efetivamente os meios de prevenção.

“Na minha convivência no movimento social de Aids, vejo muitos jovens nas comunidades mais afetadas infelizmente descobrindo a condição soropositiva já com comprometimento da imunidade, principalmente no norte do País. Isso é muito preocupante, pois existe o preconceito que impede o jovem de procurar um tratamento precoce, o preconceito da homossexualidade, que produz medo de se aproximar de um serviço de saúde”, afirma Terto.

Muitos ignoram o risco

No mesmo momento em que há falta de campanhas que atinjam efetivamente grupos sociais mais carentes, onde há maior taxa de gravidez na adolescência e atividade sexual precoce, outros grupos recebem informações, mas passam a ignorar os cuidados para prevenção do HIV. Uma pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que 45% dos jovens não usam preservativo em suas relações sexuais. Essa negligência pode resultar em infecção pelo vírus. Por essa razão, conscientização ampla por meio de campanhas governamentais é fundamental, bem como abordar o assunto nas escolas e também dentro da família.

Como se prevenir contra o vírus
Sexo seguro, sempre: como o HIV é principalmente transmitido por meio de relações sexuais, usar preservativo em todas as relações é importantíssimo para evitar contrair o HIV. E, se o preservativo rasgar ou estourar, é preciso procurar imediatamente um serviço de saúde para receber a profilaxia pós-exposição, que é um tratamento medicamentoso feito por algumas semanas que diminui consideravelmente o risco de contrair o vírus, caso a pessoa tenha sido realmente exposta.

Procure informação de fontes seguras: não confie naquela mensagem de Whatsapp. Procure checar a veracidade das informações em sites do governo, Ministério da Saúde ou Organização Mundial da Saúde. Além disso, procure orientações do seu médico.
Procure ajuda independentemente da sua orientação sexual: lembre-se que a saúde vem em primeiro lugar, portanto é preciso praticar sexo protegido independentemente da orientação sexual e, se o preservativo rasgar, é necessário procurar imediatamente um serviço de saúde para receber a profilaxia pós-exposição do HIV (PEP).
Esse tratamento, se feito dentro de 72 horas, pode impedir a contaminação pelo HIV, e deve ser usado em situações específicas, sempre com a orientação médica. Por ser um método emergencial, não é indicado para o uso recorrente, pois pode trazer fortes efeitos colaterais.

Prevenir é melhor do que tratar: atualmente o tratamento contra o HIV permite uma melhor qualidade de vida do que no passado. No entanto, ele deve ser feito com muita disciplina durante toda a vida. Evitar pegar o vírus, portanto, é melhor do que depender de um tratamento para o resto da vida.
Jamais compartilhe seringas ou agulhas: usuários de drogas injetáveis jamais devem compartilhar seringas, pois há risco de contaminação do HIV (e outros vírus) por meio do sangue contaminado. Para redução de danos, é preciso escolher seringas e agulhas descartáveis.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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