HIV: mitos e verdades

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Muita fantasia gira em torno do HIV e sobre como ele é transmitido. O infectologista do Hospital Villa Lobos da Rede D’Or São Luiz Cláudio Roberto Gonsalez e o ginecologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo Jairo Iavelberg explicam se há fundamento em muitos dos casos.

O vírus do HIV está na saliva, logo vou pegar se beijar alguém?

Parcialmente verdade – De acordo com Gonsalez, é possível, sim, pegar HIV pelo beijo, mas essa possibilidade é muito remota. Só aumenta a chance se a pessoa tiver lesões na boca, como aftas, que vão facilitar a entrada do vírus. A saliva, no entanto, tem poucos vírus e só muito azar para infectar.
Iavelberg alerta que em qualquer contato de secreção biológica direta – como saliva, sangue, sêmen ou secreção vaginal é possível contrair o vírus HIV.

A mãe com HIV sempre vai passar o vírus para o filho durante a gestação?

Mito – O infectologista explica que a principal via de transmissão do vírus é o momento do parto normal. A chance é maior porque ele entra em contato com o sangue da mãe, e nesse caso a cesárea diminui o risco. Mas o que interfere mesmo, de acordo com ele, é a carga viral da mãe. As que estão fazendo o tratamento com os antirretrovirais, por exemplo, e não tem quase nenhum vírus circulante no sangue, a chance de passar para o filho é muito baixa. Se a mãe estiver sem tratamento, no entanto, o risco existe.

É certeza de quem tem parceiro soropositivo vai pegar HIV em algum momento da vida?

Mito – Não necessariamente vai pegar, explica o médico. Gonsalez conta que isso depende da quantidade de vírus que o parceiro tem, já que o tratamento com antirretrovirais pode diminuir a carga viral e diminuir a chance de contágio. O ginecologista explica que é preciso evitar o contato com as secreções biológicas, e que isso é feito por meio do preservativo – feminino ou masculino.

Se eu tenho HIV, posso ter relações sexuais sem preservativo com outra pessoa com HIV que vai ficar tudo bem?

Mito – Erra quem pensa que se tem HIV não precisa mais se preocupar em ter relações sexuais com outras pessoas também com HIV. “Às vezes, o vírus que não está provocando danos para um indivíduo, pode provocar uma piora de quadro para o outro. São vírus diferentes, resistências diferentes e características diferentes”, alerta Gonsalez. “É a interação entre o vírus e o indivíduo que vai fazer ele desenvolver a Aids.”
Iavelberg explica que já se sabe que há dois tipos de vírus HIV, e que essa infecção pelos dois ao mesmo tempo é mais grave. “A infecção com uma contaminação recidivante também pode aumentar a carga viral, portanto, mesmo nessas pessoas que são soropositivas, devemos orientar o uso de preservativos durante as relações.”

Se eu for atacado por alguém com uma seringa, na rua, vou pegar HIV?
Parcialmente verdade
– Se a seringa estiver contaminada com o vírus, há, sim, a chance de contrair o HIV, explica Gonsalez. Embora a chance seja baixa, é preciso fazer a profilaxia pós-exposição imediatamente após o acidente, que são medicamentos que evitam o contágio do HIV.

Consigo descobrir que me infectei com o HIV imediatamente após o contato com o vírus?

Mito – De acordo com Iavelberg, não é possível descobrir que contraiu o HIV logo após a exposição. Isso acontece porque não há exames para detectar a presença do vírus no organismo, mas sim dos anticorpos que estão reagindo a eles. E é aí que mora o problema: a produção desse anticorpo, de acordo com o médico, demora para acontecer. O período, que varia entre 45 dias e um ano, é o que dificulta o diagnóstico. “É o que chamamos de janela sorológica. Nesse período, a pessoa contaminada está com o vírus, mas não consegue fazer o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. E está transmitindo o vírus para outras pessoas.”
Logo, quem teve potencialmente contato com o HIV – seja em uma relação desprotegida ou em algum outro tipo de acidente – deve se dirigir imediatamente a um posto de saúde ou hospital para fazer a profilaxia pós-exposição, que reduzem as chances de infecção pelo vírus.

Vou pegar HIV se usar toalhas de alguém que tem o vírus?

Mito – Gonsalez esclarece que não se pega HIV ao compartilhar toalhas. “Só se pega se o sangue estiver vivo e preservado, pois o vírus está dentro da célula que está dentro do sangue. Em uma agulha, por exemplo, o risco existe, já que o sangue se mantém viável dentro do orifício, e está protegido do calor ou ressecamento”, explica. Não é o caso das toalhas, por exemplo.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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