Mal-estar durante os exercícios físicos

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A pessoa está praticando atividade física e, após um esforço mais intenso, acaba sentindo-se mal. A situação desconfortável pode levar a desmaios e até internações nos quadros mais graves. Apontada como a principal vilã, a hipoglicemia sequer é comum nestes casos de mal-estar durante os exercícios físicos.

Quem explica é Carlos Eduardo Negrão, diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do Instituto do Coração (Incor).

“Mais comumente, o ‘mal-estar’, referido após os exercícios, está relacionado à hipotensão [queda de pressão] por diminuição dos reflexos que controlam a pressão arterial, como dor intensa, tosse, estresse emocional, respiração forçada quando carrega peso, desidratação, atividades físicas intensas, uso de diuréticos, antidepressivos e outras medicações ou substâncias vasodilatadoras, inclusive aquelas contidas em alguns suplementos e energéticos utilizados pelos praticantes de atividades físicas”, explica.

Luiz Akira Hata, endocrinologista do Hospital Assunção, da Rede D’Or São Luiz, adiciona ainda alguns motivos na lista.

“Noites mal dormidas, fadiga física, ingestão de bebidas alcoólicas, desidratação, ambiente mal ventilado, ingestão de alimentos muito gordurosos, infecções virais ou bacterianas, distúrbios hormonais, doenças metabólicas, doenças cardíacas e distúrbios de eletrólitos sanguíneos podem causar mal-estar durante as atividades físicas”, afirma.

Ou seja, o diagnóstico do mal-estar durante os exercícios físicos está muito atrelado aos hábitos do paciente em seu dia-a-dia e, principalmente, nas horas que antecedem a atividade física. É importante diferenciar a hipoglicemia das demais possíveis doenças justamente porque estas podem gerar consequências mais graves.

Atenção com o desmaio

A síncope pós-exercício, por exemplo, resulta na perda de consciência abrupta, perda do tônus muscular e queda ao solo, sem outros sinais ou sintomas acompanhantes.

Hata explica que pode ser causada pelo baixo fluxo sanguíneo que chega ao cérebro, causado por uma arritmia cardíaca. Apesar de durar pouco, cerca de 30% das vezes pode levar à morte.

“Ao contrário da hipoglicemia, o quadro é súbito, agudo e não é acompanhado de outros sinais ou sintomas clínicos”, explica o endocrinologista.

Mudar de posição rapidamente também é um problema

O mal-estar pode ser causado também por uma desregulação do sistema vaso vagal, que está ligada ao fato de mudarmos rapidamente de posição (deitado, sentado, em pé), durante a atividade física, principalmente a musculação.

“Em alguns casos existe um ‘retardo’ ou uma ‘alteração’ nos sistemas reguladores fazendo com que o indivíduo tenha queda acentuada da pressão arterial e, consequentemente, sintomas como mal-estar, turvação visual, tontura e perda da consciência”, explica Negrão.

O médico explica que palpitações e vista turva podem acontecer nesses casos, mas que é possível reverter o problema deitando-se e elevando as pernas.

Hipoglicemia só melhora com ingestão de alimentos

Mas afinal, como reconhecer a hipoglicemia especificamente? De acordo com os especialistas, os sintomas da enfermidade são muito próprios e incluem pele fria, pálida e úmida; náuseas e vômitos; formigamentos e tremores nos dedos das mãos e lábios; perda de controle dos movimentos, vertigem, tremores, desmaios e convulsões. Nos quadros mais sérios, pode levar o paciente ao coma.

“Qualquer pessoa que fique em jejum prolongado e for submetido a um esforço físico de média ou grande intensidade, pode desencadear um quadro de hipoglicemia. Os estados de diarreias e vômitos podem levar à hipoglicemia por perda de alimentos e nutrientes”, afirma Hata.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.