O “Outubro Rosa” é uma campanha mundial que busca mobilizar a população para a importância da realização dos exames de rastreamento nas mamas. O objetivo dos exames é o diagnóstico do tumor em estágio inicial, quando ainda não foi capaz de se manifestar através de queixas mamárias. Desta forma, o rastreamento de forma adequada aumenta as chances de cura e pode reduzir a mortalidade por câncer de mama em 25 a 31%. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), todas as mulheres devem fazer a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. A ultrassonografia das mamas é utilizada de forma complementar à mamografia.
Em torno de 5 a 10% dos tumores de mama são de origem hereditária*, ou seja, podem ser transmitidos entre familiares. As pacientes com histórico familiar de mais de um parente com câncer de mama antes dos 45 anos ou no ovário devem ser avaliadas pelo médico geneticista. De acordo com a SBM, estas mulheres se beneficiam de um rastreamento mais intensificado, alternando mamografia e ultrassonografia com a ressonância das mamas semestralmente, a partir dos 30 anos.
O autoexame periódico mensal foi retirado das principais diretrizes de rastreamento, entretanto, é fortemente recomendado que a mulher conheça seu próprio corpo e seja capaz de reconhecer alterações nas mamas. Nódulos palpáveis, retração do mamilo, saída de líquido sanguinolento ou transparente pelo mamilo, vermelhidão, endurecimento, retração da pele da mama ou aparecimento de feridas que não cicatrizam são sinais que devem ser avaliados pelo mastologista.
Os principais fatores de risco para o câncer de mama, que são sexo feminino e idade, não podem ser modificados e irão acontecer naturalmente. Entretanto, além do rastreamento de forma adequada, as mulheres podem atuar reduzindo outros fatores de risco como: obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e reposição hormonal após a menopausa. Além disso, ter filhos, principalmente antes dos 30 anos, e amamentar são fatores relacionados a menor risco de câncer de mama.
A doença ainda pode afetar homens. Apesar do câncer de mama no homem corresponder apenas a 1% de todos os tipos de tumores masculinos e ser responsável por 0,2% das mortes por câncer na população masculina, a sua incidência tem aumentado com o passar dos anos: em 1975, era de 0,85 casos/100,000 homens e em 2011 passou a ser 1,43 casos/100,000 homens**. Desta forma, qualquer queixa mamária em homem deve ser avaliada pelo mastologista. A mamografia e a ultrassonografia das mamas também podem ser realizadas nos homens.
Assim sendo, o papel do “Outubro Rosa” é o de conscientizar que tanto mulheres quanto homens, jovens ou idosas, devem estar atentas à prevenção. E o melhor para prevenir é o autoconhecimento aliado aos exames de rastreamento.
Dra. Marina Sonagli
Cirurgia Oncológica com ênfase em tratamento do câncer de mama
Mestre em Oncologia pela Fundação Antônio Prudente
Médica do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, São Paulo
*Fonte: Cao A, Huang L, Shao Z. The Preventive Intervention of Hereditary Breast Cancer. Adv Exp Med Biol, 2007;1026:41-57
**Fonte: Giordano SH. Breast Cancer in Men. N Eng J Med, 2018;378(24):2311-2320