Dia mundial do coração

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O coração é tão importante e essencial para a vida que simboliza o amor entre as pessoas. Ao mesmo tempo, as doenças cardiovasculares, como angina, infarto do miocárdio e derrame cerebral, são as principais responsáveis pela mortalidade em todo o mundo.

A Federação Mundial do Coração (World Heart Federation) escolheu o dia 29 de setembro para celebrar mundialmente o Dia do Coração, com o objetivo de divulgar os perigos das doenças do coração e prevenir possíveis ataques.

Trata-se de um importante lembrete para toda a população, feito na forma de luzes vermelhas que iluminam hospitais, monumentos e edifícios do Brasil e de diversos países do mundo. Afinal, anualmente, mais de 17 milhões de pessoas morrem em decorrência das doenças cardíacas.

Para o cardiologista Roberto Kalil Filho, presidente do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, a prevenção cardiovascular é essencial para reverter esses números.

“Criou-se uma cultura altamente prejudicial de que o infarto, a doença do coração, sempre atinge o outro. Nunca acontece conosco, é sempre com o vizinho, o amigo. Dessa forma, as pessoas desconsideram seu estado clínico, os fatores de risco, e somente se dão conta do perigo que corriam quando o pior evento [o infarto, por exemplo] ocorre. O ‘Setembro Vermelho’ tem o objetivo, portanto, de fazer as pessoas pensarem nos cuidados com o coração antes que a situação chegue a um ponto que pode ser fatal”, explica Kalil.

De acordo com o especialista, é muito importante que as pessoas criem consciência a respeito dos fatores de risco das doenças cardíacas. Boa parte dessas condições é passível de mudanças e depende, basicamente, da iniciativa dos pacientes em alterar hábitos nocivos e prejudiciais em seu cotidiano.

“O infarto é uma doença hereditária, cujas chances de incidência passam de pai para filho. Esse fator, portanto, não pode ser alterado ou controlado. Outros fatores, no entanto, podem e devem ser alvo de preocupação, pois são passíveis de mudança. O colesterol alto, o cigarro, o sedentarismo e a obesidade são condições que aumentam sensivelmente a possibilidade de ocorrerem doenças cardíacas”, afirma o cardiologista, que fala ainda sobre duas outras doenças que são extremamente prejudiciais para o coração quando não controladas pelos pacientes.

“Hipertensão e diabetes. O paciente hipertenso ou diabético que não se cuida contribui muito para a incidência de doenças no coração. Esses são os principais fatores de risco das doenças cardíacas e são todas condições que podem ser controladas ou alteradas pelas pessoas. O paciente muitas vezes reluta em mudar seus hábitos porque considera erroneamente que as doenças cardíacas só irão ocorrer com o outro, nunca com ele próprio”, completa.

O que chama a atenção nas doenças que envolvem o coração é a alta incidência de mortes. Ainda hoje, 2017, a taxa de pacientes que morrem em decorrência de problemas no órgão é altíssima, mesmo em um cenário que conta com constante evolução de medicamentos e exames em hospitais de alta tecnologia.

Acreditar, portanto, que todo e qualquer problema no coração pode ser simplesmente resolvido a partir de remédios e intervenções cirúrgicas (desconsiderando o tratamento dos fatores de risco) é uma ideia perigosa, que acaba justamente aumentando o número de mortes resultantes desse cenário.

“O infarto é a doença que mais mata no mundo. No Brasil, também é a doença com maior índice de mortalidade. É preciso, portanto, prevenir. Se você realiza check-ups, avaliações médicas com frequência e detecta uma obstrução, você conseguiu descobrir o problema antes de um evento maior que seria o infarto. Por isso, é importante as pessoas se prevenirem, não só em relação aos fatores de risco, mas realizando avaliações clínicas rotineiras com orientação médica”, afirma o especialista.

Campanha

O mês de setembro foi escolhido para concentrar as campanhas de conscientização, prevenção e tratamento das doenças cardiovasculares porque no dia 29 é comemorado o Dia Mundial do Coração, uma inciativa criada em 2000 pela Federação Mundial do Coração com apoio das Nações Unidas.

Desde então, diversas organizações no Brasil e no mundo realizam ações para lembrar a data, incluindo a iluminação vermelha de prédios e monumentos.

Cerca de 80% das doenças cardíacas podem ser evitadas com apenas quatro atitudes saudáveis: não fumar, evitar o consumo de álcool, adotar uma dieta equilibrada e praticar atividade física. É justamente por isso que Kalil ressalta a importância de atentar-se frequente e diariamente aos fatores de risco do coração.

“Cuide-se, cuide do seu coração. Essa é a mensagem principal da campanha. Os cuidados devem ocorrer durante todo o ano, não apenas em setembro. Mas a campanha quer chamar a atenção para algo que é justamente esquecido e negligenciado com frequência por boa parte das pessoas. É preciso impactar e motivar o maior número possível de pessoas, para que ocorra uma conscientização em relação a hábitos saudáveis e também à constante avaliação médica”, conclui.

Ainda com o objetivo de ampliar o número de pessoas impactadas, o Hospital Sírio-Libanês mantém, desde 2016, um hotsite para promover o movimento “Cuide do seu coração”.

No espaço, o leitor encontra informações sobre doenças cardiovasculares, receitas saudáveis, bem como vídeos com dicas de exercícios físicos e um simulador eletrônico de risco cardíaco.

Revisão técnica

  • Por Thassio Borges
  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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