Meditação também é para criança?

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Aulas de matemática, geografia, ciências, português e, entre uma e outra, pausa para meditação. Algumas escolas de São Paulo já incentivam crianças e adolescentes a meditar por meio das técnicas de mindfulness, termo que pode ser traduzido como “um estado de atenção plena”.

O método, muito conhecido nos Estados Unidos, emergiu na mídia internacional com um exemplo louvável: o colégio Robert W. Coleman, na cidade de Baltimore, reduziu a quase zero o número de suspensões de alunos indisciplinados apenas substituindo as medidas punitivas pela meditação.

Mente focada

Iniciativas semelhantes ganham força por aqui. Desde 2017, o Colégio Oswald de Andrade, de São Paulo, tem uma parceria com o projeto MindKids, que ensina os fundamentos de mindfulness uma vez por semana às turmas de Fundamental II e Ensino Médio.

Um dos objetivos é treinar a mente para mantê-la no presente, aproveitando ao máximo o momento do aprendizado. “A meditação traz inúmeros benefícios aos alunos, como aumento do foco, bem-estar e atenção, equilíbrio emocional para lidar com os desafios diários”, comenta o diretor Harlei Alberto Florentino.

E os desafios são os mais diversos, de acordo com a faixa etária: convivência com os colegas, dificuldades para cumprir uma rotina de estudos ou o temido “branco” na hora das provas. “No último ano do Ensino Médio, a prática vem muito alinhada ao vestibular”, comenta.

“Antes dos simulados, os alunos realizam exercícios de respiração e concentração específicos para nervosismo e ansiedade, ativando a conexão com o seu aprendizado”, explica Florentino.

Lidando com as emoções

Com os pequenos, a abordagem é focada. “Qual criança fica quieta por 15 minutos?”, questiona Daniela Degani, idealizadora do MindKids. A prática deve ser simples, curta, dentro de uma abordagem lúdica, com duração de um a três minutos. “Eles entram em contato com as emoções e começam a desenvolver empatia e compaixão dentro de si”, explica.

“É normal ficar bravo, irritado, agressivo, e a proposta não é julgar ou repreender”, comenta. “A criança que medita pode identificar esses comportamentos e tem recursos para se acalmar antes de reagir”, ressalta.

Alinhando corpo e mente

Outra ferramenta que ajuda crianças e jovens a ganhar mais foco, atenção e equilíbrio emocional é a ioga. Os benefícios para o corpo são inúmeros: além de alongar e fortalecer os músculos, melhora a postura.

“Com a coluna alinhada, a criança respira melhor e oxigena mais o cérebro, favorecendo a concentração e o aprendizado”, explica o professor João Soares, criador do Yoga com Histórias, método que ganhou uma série de 13 episódios exibidos pela TV Rá Tim Bum.

Tanto no programa como nas aulas presenciais, em São Paulo, a ideia é levar a prática ao público infantil por meio de narrativas lúdicas. “Se a história aborda temas como o medo, ensinamos respirações e posturas da ioga que abrem o peito e fazem a criança sentir coragem”, ressalta. “Ela mergulha numa aventura divertida e ao mesmo tempo aprende a reconhecer suas emoções, ganha confiança para resolver conflitos internos”, finaliza.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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