Estresse, não!

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A depressão é uma doença que muita gente tem, mas nem desconfia, pois os sintomas (físicos e emocionais) se confundem com os de vários outros problemas de saúde, como o próprio estresse, que está entre as causas do mal. Atinge três vezes mais as mulheres, principalmente no período reprodutivo e na pós-menopausa, devido a variações hormonais (do estrógeno). 

 

O que muitos não sabem é que é possível tratar ou mesmo evitar a depressão a partir da ajuda profissionais especializados (como psiquiatras e psicólogos). “Dessa maneira será possível identificar a existência dos três sintomas depressivos básicos: inibição global (apatia e desinteresse), estreitamento vivencial (perda da capacidade de sentir prazer) e sofrimento moral (autoestima baixa)”, esclarece o psicólogo Paulo Tessarioli, especialista em sexualidade humana (TESH).

 

Alguns fatores que podem levar à doença podem ser evitados. É preciso tentar, na medida do possível:

  • Diminuir o estresse. “A vida não é possível sem estresse. A forma como cada um lida com ele é que faz toda a diferença”, diz o psicólogo Tessarioli;
  • Controlar a ansiedade;
  • Não abrir mão do sono;
  • Equilibrar os horários de trabalho e de diversão;
  • Procurar por atividades que tragam prazer (pode ser um esporte, participação em comunidades religiosas ou voluntárias, como em ONGs), pois liberam endorfinas (que proporcionam a sensação de bem-estar),
  • Ter hábitos alimentares saudáveis, não fumar, evitar o álcool e não usar drogas;
  • Procurar ter sempre uma interação social, pois uma pessoa sozinha se deprime mais facilmente;
  • Tentar não ser pessimista, não enxergar tudo cinza, nublado;
  • Não viver reclamando de tudo, para não adquirir o vício de sofredor.

 

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Em casos extremos, depressão causa tristeza persistente e tira o prazer de viver

O diagnóstico da depressão envolve avaliação com clínicos e psiquiatras

Não sabote sua felicidade e bem-estar

O tratamento da depressão pode levar alguns meses e até anos

 

Em casos extremos, depressão causa tristeza persistente e tira o prazer de viver

 

Em geral, pessoas depressivas perdem a capacidade de se adaptar às variadas situações da vida e desenvolvem um mal estar emocional sem explicação. “O conjunto de valores pessoais não é mais suficiente para aliviar as inquietações interiores, gerando as condições propícias para o adoecimento. A pessoa que perdeu o prazer pela vida como um todo, quando a tristeza persiste sem que se reconheça mais o motivo, está com depressão”, conta o psicólogo Paulo Tessarioli.

 

Alguns sinais da doença são:

  • Emocionais: tristeza, melancolia, choro fácil, “pavio curto”, perda de interesse nas atividades que antes eram prazerosa, ansiedade, angústia, desesperança, estresse, sensação de culpa, ideias suicidas etc.;
  • Físicos: baixa energia, falta ou excesso de sono, dores pelo corpo sem causa clínica definida, dores de cabeça, no estômago, alterações no apetite, problemas gastrintestinais e psicomotores, entre outros.

 

Outros fatores que levam à depressão são o estresse e mudanças de ambiente socioeconômico (seja de casa, no trabalho etc.). Aos poucos, a doença atrapalha a rotina, o profissional não consegue mais desenvolver suas atividades como antes, não tem o mesmo rendimento. As causas também podem ser de origem genética.

 

O diagnóstico da depressão envolve avaliação com clínicos e psiquiatras

 

É fundamental a avaliação clínica e psiquiátrica para um correto diagnóstico da depressão. “Entre os exames que os médicos solicitam estão os de tireoide (que, dependendo do caso, pode favorecer ou dificultar o tratamento), hemograma (anemia é um fator que atrapalha), além de estudos neurológicos e cardíacos”, conta Alexandrina Meleiro, psiquiatra.

 

Tessarioli lembra também que é importante ouvir o paciente, colher uma boa anamnese (história de vida), relatos do cotidiano e verbalização das queixas.

 

A médica explica, ainda, que na depressão, a serotonina se altera (substância neurotransmissora que existe naturalmente em nosso cérebro, atua como sedativo e calmante e ajuda a melhorar o humor de um modo geral), mas não há como medi-las por meio de exames. Outro item importante é o lítio, que o corpo não tem naturalmente, mas que precisa fazer parte do tratamento.

 

Não sabote sua felicidade e bem-estar

 

“Pessoas depressivas apresentam alterações de humor (sempre para baixo), vivem melancólicas, enxergam tudo cinza, como se não existisse o sol, reclamam de tudo e têm a sensação de que as coisas para elas sempre dão errado. A desesperança as impede de fazer planos para os próximos dias, meses etc.”, revela a psiquiatra Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 

É comum que algumas pessoas fiquem num estado de melancolia após a morte de um ente querido ou mesmo de um animal de estimação, o que as leva a alterações de humor, apetite e sono. Porém, o quadro não deve durar para sempre.

 

“Após um luto, o ideal é esperar de um a três meses para observar se, aos poucos, a pessoa consegue retomar suas atividades”, explica Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 

A incidência da depressão é mais alta nas idades médias (próximo aos 40). De acordo como a psiquiatra Alexandrina Meleiro, os números da doença vêm aumentando em adolescentes devido à dependência química (muitas vezes do álcool e droga misturados) e do que ela chama de “cobrança da globalização” – da pressão e exigência dos pais e/ou da sociedade em estudar o tempo todo (faculdades, especializações), dominar várias línguas etc.

 

O tratamento da depressão pode levar alguns meses e até anos

 

A doença por ser de grau leve, moderado e grave. A primeira raramente necessita de medicamentos. Sessões de psicoterapia podem resolver bem o problema. Mas, quanto antes a pessoa buscar ajuda e iniciar o tratamento, melhor. “Casos moderados podem precisar cinco a seis meses de medicamentos mais terapia. Os graves ou crônicos podem passar de um ano”, orienta Alexandrina Meleiro, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

 

“O mais importante é, sempre que perceber que algo está diferente e incomodando, procurar ajuda especializada. Um bom clínico pode avaliar, mas também é preciso perder o preconceito de se consultar com um psiquiatra (antes considerado ‘médico de louco’) e não tomar medicamento sem orientação médica”, alerta Alexandrina.

 

Nem sempre a pessoa percebe que está com depressão. Nestes casos, a família e os amigos podem ajudar, ao perceber mudanças sérias de comportamento. Quem estava sempre de bem com a vida, com a doença vai mudar completamente. “Se isto ocorrer, é importante ter uma conversa clara, pois fica mais fácil reconhecer e buscar tratamento quando outras pessoas alertam”, lembra a especialista Alexandrina Meleiro.

 

Outro ponto é o fato de não julgar ou rotular a pessoa com depressão. É comum as pessoas acreditarem que a pessoa com depressão ‘está assim porque quer’, que ‘não reage porque não quer’, que ‘fica assim para chamar atenção’.

 

Pessoas que apresentam doenças cardíacas, que passaram por um acidente vascular cerebral (AVC), câncer, diabetes etc., que têm histórico familiar de depressão, ou transtornos como os alimentares (bulimia, anorexia), transtorno de ansiedade e obsessivo-compulsivos também podem ser mais propensas à depressão e a família precisa estar sempre em alerta.

 

Saiba mais

Abrata – Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos – www.abrata.org.br