10 dúvidas sobre o desenvolvimento infantil

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Crianças não vêm com manual de instruções. Apesar de todos saberem disso, é normal os pais terem dúvidas sobre a saúde dos pequenos e se o desenvolvimento está dentro do padrão esperado para cada idade.

Afinal, quando um comportamento deve se tornar uma preocupação e o quanto é uma fase, que logo passará?

Os pediatras podem ser grandes parceiros dos cuidadores nessa jornada, indicando o que é parte do desenvolvimento da criança e o que precisa de um olhar mais atento.

“A criança é um adulto em construção e, neste processo de crescimento e desenvolvimento, a parceria da família com o pediatra é essencial para a detecção de possíveis distúrbios. Desde o nascimento, o pediatra está atento às etapas de desenvolvimento dos bebês, crianças e adolescentes. Para isso, há consensos e tabelas muito bem conhecidas, com tempo médio para as aquisições motoras, cognitivas, sensoriais e psicológicas”, destaca Renata Rodrigues Aniceto, médica do departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Confira abaixo as 10 principais dúvidas em relação ao desenvolvimento infantil.

Quanto antes possíveis problemas são identificados, mais rapidamente a criança e a família podem ter apoio de especialistas para lidarem com a questão.

1 – Atraso no desenvolvimento – O pediatra é o profissional habilitado para identificar os atrasos nos marcos do desenvolvimento e deve ser consultado regularmente. “Os atrasos detectados devem ser bem avaliados, pois podemos somente estar diante de uma criança pouco estimulada e que poderá ter um melhor desenvolvimento após orientação correta”, pontua a especialista.

Alguns tipos de estímulos, que eram comuns no passado, como o uso de andadores para acelerar a fase de andar, por exemplo, hoje não é mais recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pois ele atrasa o desenvolvimento psicomotor dos bebês.

2 – Falta de interesse e isolamento familiar – A alegria e espontaneidade são as marcas registradas das crianças, por isso quando estão com um comportamento contrário, isso pode ser um sinal de alerta. “Podemos observar desde traços de personalidade como a timidez até distúrbios comportamentais sociais como a vitimização pelo bullying e assédios, ou ainda quadros de depressão e transtorno do espectro autista. Deve-se ter muita atenção a mudanças comportamentais repentinas”, alerta Renata.

3 – Falta de habilidades pré-acadêmicas – Na maioria das vezes, as questões de pré-alfabetização dependem da época de início, do método utilizado e dos estímulos aplicados. “Sempre considerar que as crianças não são iguais, mas esperamos que iniciem as primeiras palavras em torno de 1 ano de vida, com aumento gradativo de vocabulário e que, aos 2 anos, sejam capazes de iniciar pequenas frases e com melhora significativa da coordenação motora. Com 2 anos também desenvolvem noção corporal, com início de comandos motores mais refinados e convívio social mais aflorado”, destaca a pediatra. É importante não esquecer que cada criança tem o seu tempo e que neste caso a experiência de um profissional é de grande valia no diagnóstico.

4 – Medo excessivo – O medo faz parte das fantasias infantis e impõe limites protegendo a sobrevivência das crianças. Em doses moderadas é necessário, porém quando se torna excessivo, a ponto de limitar as vivências, experiências e convívio social, deve ser considerado um sinal de alerta e a busca por ajuda especializada pode evitar o desenvolvimento de fobias reais. “Vale para os pais não incentivarem o medo, apoiarem seus filhos e acreditarem que esta é uma fase passageira”, alerta.

5 – Irritabilidade e nervosismo – A irritabilidade nos bebês, por exemplo, pode aparecer ao nascimento dos dentes ou nas cólicas do lactente e é passageira. Esses comportamentos, quando manifestados de forma excessiva, podem ser sinais de algum processo infeccioso, como otites, meningites e outras causas que venham a gerar dor. Nestes casos, em geral, apresentam-se acompanhadas de outros sinais e sintomas. “Desde pequeno, o nervosismo pode ser uma crise de birra e uma forma de chamar a atenção dos pais, que não devem hipervalorizar a ação e, assim, desestimular a repetição”, aconselha a médica.

6 – Aumento do apetite – Pode surgir nos períodos de crescimento acelerado, como na puberdade e adolescência. Porém é importante ficar atento se isso vier acompanhado de sinais de ansiedade, depressão e alterações hormonais.

7 – Diminuição do apetite – Bastante comum na faixa etária entre 2 e 7 anos, devido a uma desaceleração natural do crescimento e ganho de peso neste período. Pode ocorrer também nas estações mais quentes do ano. “No entanto, não podemos esquecer que a diminuição do apetite é um sintoma frequente que acompanha praticamente todas as infecções, principalmente bacterianas”, alerta a pediatra.

8 – Fadiga aliada a mudanças alimentares – Podem ser sintomas relacionados à deficiência de vitaminas e micronutrientes. “O exemplo mais clássico é a anemia por carência de ferro, que apresenta em seu quadro sinais de cansaço, fadiga e perversão do apetite, com ingestão de substâncias não convencionais, como terra e gelo”, explica.

9 – Dor nos membros – Muito comum em fases de crescimento acelerado, evolui em picos e melhora em geral espontaneamente, sendo mais frequente entre 2 e 14 anos. Requer atenção especial quando a dor é associada a sinais inflamatórios nas articulações, além da dor, inchaço e vermelhidão local. O tempo que a dor dura também deve ser observada, como se há piora progressiva com o passar do tempo.

10 – Dor de cabeça – Sintoma bem comum que preocupa bastante os pais pode estar relacionado a maus hábitos alimentares, pouca qualidade ou tempo de sono, agenda com muitos compromissos e uso excessivo de aparelhos eletrônicos, como televisão, celulares e tablets.

Atualmente, a SBP recomenda que se evite colocar crianças até dois anos em contato com eletrônicos. “A partir de dois anos, o tempo recomendado é de duas horas por dia, com o objetivo de evitar dor de cabeça, dor no corpo, irritabilidade, agressividade e queda do rendimento escolar”, orienta a médica.

Se mesmo após a adequação alimentar e de rotinas a dor persistir, deve-se procurar ajuda pediátrica para afastar problemas de visão, cefaleias crônicas, malformações ou tumores.

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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