No dia 14 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Diabetes, data criada para conscientizar sobre a prevenção e o controle dessa doença crônica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Estima-se que cerca de 537 milhões de pessoas em todo o planeta vivem com diabetes. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabete, no Brasil, são mais de 13 milhões de diabéticos, aproximadamente 6,9% da população. Esses números alertam para a necessidade de atenção especial aos homens no contexto do diabetes, pois o público masculino possui algumas características particulares frente à doença.
Diabetes no Homem: Prevalência e Fatores de Risco
O diabetes mellitus incide em ambos os sexos, porém alguns dados revelam diferenças importantes entre homens e mulheres. Segundo a pesquisa Vigitel de 2023, a prevalência de diabetes diagnosticado nas brasileiras adultas é de 11,1%, enquanto entre os homens é de 9,1%. Essa diferença pode refletir, em parte, uma menor procura masculina por serviços de saúde e consequentemente um subdiagnóstico da doença. Os homens também apresentam alguns fatores de risco particulares: tendem a acumular mais gordura visceral (na região abdominal), fator conhecido por aumentar a resistência à insulina, e têm maior propensão a hábitos como tabagismo, consumo de álcool e dislipidemias (colesterol e triglicérides altos). Esses aspectos reforçam a importância de direcionar estratégias de prevenção e rastreamento do diabetes para a população masculina.
Predominância do Diabetes Tipo 2
O diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença, representando cerca de 90% dos casos. Esse tipo desenvolve-se geralmente por resistência à ação da insulina e produção insuficiente do hormônio, estando associado principalmente ao excesso de peso, sedentarismo e outros hábitos não saudáveis. Muitos indivíduos podem ser diabéticos tipo 2 ou pré-diabéticos sem saber – estima-se que mais de 46% das pessoas com diabetes no Brasil não estejam cientes da sua condição. Esse grande contingente de casos não diagnosticados é preocupante, pois a detecção tardia permite a progressão silenciosa da enfermidade e o surgimento de complicações. Reconhecer a predominância do diabetes tipo 2 e seus fatores desencadeantes é fundamental para embasar ações de conscientização voltadas ao público masculino.
Prevenção: Estilo de Vida Saudável
Felizmente, muitos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos ou adiados com mudanças no estilo de vida. De acordo com o Ministério da Saúde, a melhor forma de prevenir a doença é praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação saudável e evitar o consumo de álcool e cigarros – hábitos que também protegem contra outras doenças crônicas. Em especial, perder peso, ter uma dieta equilibrada e exercitar-se frequentemente reduzem significativamente o risco de desenvolver diabetes. Ou seja, a prevenção, baseada em escolhas saudáveis diárias, é uma aliada poderosa para reduzir a incidência de diabetes entre os homens. Para quem já apresenta sobrepeso ou histórico familiar, a prevenção torna-se mais importante e urgente.
Diagnóstico Precoce e Cuidados Médicos
Identificar o diabetes o quanto antes é crucial para evitar complicações e melhorar o prognóstico. Porém, um dos obstáculos no caso dos homens é a resistência em buscar atendimento médico regular. Muitos só procuram o consultório diante de sintomas persistentes ou por insistência da família. Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, mostrou que 70% dos pacientes do sexo masculino que buscaram atendimento médico foram influenciados pela esposa ou pelos filhos, e mais da metade já estava com a doença avançada. Essa demora no diagnóstico reduz as chances de controle adequado. É fundamental, portanto, quebrar esse paradigma e incentivar os homens a realizarem exames de rotina. As autoridades recomendam testes de glicemia em adultos de risco (35 anos ou mais, obesos, hipertensos ou com histórico familiar). A detecção precoce possibilita adotar mudanças no estilo de vida e iniciar tratamento médico em tempo hábil, prevenindo complicações graves do diabetes no futuro.
Impacto Emocional do Diabetes
Conviver com o diabetes impõe uma carga emocional significativa. Trata-se de uma condição que exige atenção diária com alimentação, medições de glicemia, uso de medicação e outras decisões constantes, o que gera estresse e ansiedade. Estudos mostram que pessoas com diabetes têm cerca de duas vezes mais chance de desenvolver depressão em comparação à população geral. Existe também o “diabetes distress”, termo para o desgaste emocional de conviver com uma doença crônica complexa, muitas vezes alimentado por preocupações contínuas com a saúde e pelo estigma e incompreensão sofridos no convívio social. É fundamental que esses aspectos emocionais sejam reconhecidos e tratados. Caso contrário, a saúde mental abalada pode interferir no autocuidado e no controle adequado da glicemia. Buscar apoio psicológico e grupos de apoio, quando necessário, faz parte do tratamento do diabetes tão quanto controlar a dieta ou usar medicamentos.
Impacto Social, Familiar e Sexual
As implicações do diabetes na vida social e nos relacionamentos também merecem destaque. Muitos pacientes relatam preconceito ou falta de compreensão no trabalho e entre amigos. Uma pesquisa revelou que 8 em cada 10 pessoas com diabetes se sentem julgadas, culpadas ou envergonhadas devido à doença. Esse estigma social pode levar o homem diabético a esconder sua condição, dificultando a busca de ajuda e apoio. No âmbito familiar, o suporte dos parentes é decisivo – familiares podem ajudar a manter a alimentação adequada e a rotina de cuidados; já críticas ou cobranças excessivas tendem a prejudicar o paciente. Além disso, homens com diabetes têm até três vezes mais chance de ter disfunção erétil em comparação aos não diabéticos. Essa complicação afeta a autoestima e a qualidade de vida do homem. A boa notícia é que a maior parte dos casos de disfunção erétil em diabéticos pode ser tratada com sucesso; porém é preciso vencer o constrangimento inicial e buscar orientação médica.
Apoio e Cuidados Integrados
Diante de todos esses desafios, o homem com diabetes precisa de apoio integral no manejo de sua condição. Isso inclui acompanhamento regular por equipe multiprofissional (médicos de várias especialidades, nutricionista, psicólogo) e suporte da família. Especialistas ressaltam que contar com essa rede melhora a adesão ao tratamento e o bem-estar, contribuindo para melhores resultados clínicos. Campanhas de saúde voltadas ao público masculino também cumprem um papel importante. O movimento Novembro Azul já ampliou seu escopo para incluir o diabetes entre as doenças do homem. Iniciativas assim ajudam a quebrar tabus e a lembrar a população masculina da importância de cuidar da própria saúde física e mental. Por fim, o próprio paciente deve buscar informação confiável, seguir o tratamento e manter diálogo aberto com os profissionais de saúde. Com conhecimento e suporte adequados, o homem diabético pode assumir um papel ativo no controle da doença, em vez de se paralisar pelo medo.
Combater o diabetes exige não só ações governamentais e avanços médicos, mas também o engajamento pessoal dos pacientes, especialmente dos homens diabéticos. É preciso reconhecer as particularidades de como os homens vivenciam a condição – da tendência a ignorar sintomas aos impactos psicológicos e sociais. A boa notícia é que, embora o diabetes tipo 2 seja uma doença desafiadora, sua prevenção e controle estão ao alcance de medidas práticas. Levar uma vida saudável, fazer check-ups regulares e contar com apoio médico e psicológico são pilares para uma vida longa e saudável. Ao derrubar preconceitos e adotar uma postura proativa, é possível viver bem com o diabetes. O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, reforça essa mensagem: cuidar da saúde hoje é garantir um amanhã saudável.
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Fontes:
