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Dia nacional da surdez: Conheça as ferramentas que viabilizam a rotina da pessoa surda

imagem de uma mulher fazendo sinais de libra, simbolizando Dia nacional da surdez

No dia 10 de novembro é celebrado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez. Instituída pelo Ministério da Saúde em 2017, essa data tornou-se um símbolo da luta pela educação, conscientização e prevenção em relação à surdez. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil cerca de 10 milhões de pessoas com deficiência auditiva, representando 5% da população. Diante desse cenário, é fundamental conhecer as ferramentas que viabilizam a rotina da pessoa surda, garantindo acessibilidade, comunicação e inclusão em todas as esferas da vida cotidiana. A seguir, apresentamos diversas tecnologias, dispositivos e recursos – desde aparelhos auditivos até aplicativos de tradução em Libras – que contribuem para a autonomia e qualidade de vida da comunidade surda.

A importância da Libras na comunicação

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é reconhecida por lei como meio legal de comunicação da comunidade surda. Desde a Lei nº 10.436/2002, que oficializou a Libras no país, ampliou-se a difusão dessa língua e a formação de intérpretes para atuar em escolas, serviços públicos e eventos, removendo barreiras de comunicação. Ou seja, a Libras é a ferramenta comunicacional fundamental que permite à pessoa surda expressar-se, compreender informações e interagir socialmente no dia a dia, em pé de igualdade com os ouvintes.

Aparelhos auditivos e amplificação sonora

Para muitos indivíduos com perda auditiva parcial, os aparelhos de ampliação sonora individual – os conhecidos aparelhos auditivos – são aliados indispensáveis. Esses dispositivos eletrônicos amplificam os sons do ambiente, permitindo que sons da fala, avisos sonoros e ruídos importantes sejam ouvidos com mais clareza. No Brasil, o acesso a esse recurso é facilitado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que fornece gratuitamente próteses auditivas para pacientes com perda auditiva. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2017 e 2020 foram entregues cerca de 1,2 milhão de aparelhos auditivos pelo SUS em todo o país. Com a ajuda de um AASI ajustado por fonoaudiólogo, a pessoa com deficiência auditiva pode desenvolver melhor a linguagem oral e ter mais segurança e independência para realizar suas atividades cotidianas.

Implantes cocleares e reabilitação auditiva

Para casos de surdez severa ou profunda em que o aparelho auditivo não é suficiente, o implante coclear surge como uma ferramenta tecnológica transformadora. Esse dispositivo eletrônico, implantado cirurgicamente no ouvido interno, estimula diretamente o nervo auditivo e pode devolver à pessoa surda a capacidade de perceber sons. Crianças que nascem com surdez profunda, por exemplo, muitas vezes conseguem desenvolver a fala oral após receberem o implante e passarem por terapia fonoaudiológica. O SUS também oferece essa tecnologia: cerca de 2,5 mil cirurgias de implante coclear já foram realizadas no país com cobertura pública. Embora os resultados variem conforme o caso, o implante coclear ampliou significativamente as oportunidades de comunicação sonora para milhares de surdos, que passam a ouvir sons do ambiente e vozes, integrando esses estímulos em sua rotina.

Interpretação de Libras: presencial e remota

Intérpretes presenciais

Muitas pessoas surdas utilizam a Libras como primeira língua, e por isso contam com intérpretes de Libras para interagir com os ouvintes. A presença de intérpretes em salas de aula, consultas médicas, atendimentos públicos ou reuniões de trabalho garante que a comunicação ocorra sem barreiras, com a fala traduzida para sinais e os sinais traduzidos para fala oral. A legislação brasileira prevê a oferta de intérpretes em diversos contextos, assegurando o direito à comunicação acessível.

Interpretação por vídeo

Com os avanços tecnológicos, também existem serviços de interpretação remota: plataformas de vídeo chamadas conectam, em tempo real, o usuário surdo a um intérprete situado em outro local. As operadoras de telefonia mantêm uma Central de Intermediação de Comunicação (CIC) 24 horas, que faz a mediação de chamadas entre surdos e ouvintes.

Tradução automática e tecnologias digitais

Tradução digital em Libras

A revolução digital trouxe ferramentas de acessibilidade que facilitam a rotina do surdo. Um exemplo é o VLibras, plataforma gratuita do Governo Federal capaz de traduzir automaticamente conteúdos digitais em português (texto, áudio ou vídeo) para Libras. Disponível para computadores e celulares, o VLibras torna sites e aplicativos mais acessíveis às pessoas surdas, exibindo um avatar que sinaliza em Libras o texto original. Outras soluções similares, como o aplicativo Hand Talk, também são utilizadas com esse propósito de tradução.

Transcrição instantânea de voz

Além da tradução em língua de sinais, existem aplicações de transcrição de voz que convertem instantaneamente áudio em texto legível na tela do celular. Esse tipo de tecnologia permite que um surdo acompanhe, lendo em tempo real, o conteúdo falado ao seu redor, aumentando sua autonomia na comunicação cotidiana.

Legendas e conteúdos audiovisuais acessíveis

Grande parte das informações e do entretenimento está em conteúdos audiovisuais, como televisão, vídeos e filmes. Para a pessoa surda usufruir plenamente desses meios, as legendas são imprescindíveis. As legendas ocultas (closed caption) transcrevem os diálogos e indicam sons importantes (como música ou efeitos sonoros), permitindo que mesmo quem não ouve possa compreender tudo o que se passa. A Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) consolidou a obrigatoriedade de recursos de acessibilidade em produtos audiovisuais, como legendas em língua portuguesa e janela de intérprete de Libras nos vídeos. Hoje, emissoras de TV, cinemas e plataformas online já oferecem legendas ocultas em suas produções, e muitas transmissões incluem também a janela de Libras quando há público surdo. Essas medidas garantem que pessoas surdas tenham acesso à informação e ao lazer de forma autônoma, aproximando-os da mesma experiência que teria um ouvinte.

Sistemas de alerta e dispositivos do cotidiano

Diversos dispositivos foram criados para converter sinais sonoros em sinais visuais ou vibratórios, de modo a chamar a atenção da pessoa surda em situações da rotina. Por exemplo, campainhas luminosas, que acendem luzes quando acionadas, ou despertadores vibratórios, que em vez de tocar fazem a cama ou o travesseiro tremer para acordar o indivíduo. Também há alarmes de emergência com luz estroboscópica. Esses sistemas de alerta visual já são considerados tecnologias assistivas essenciais e sua disseminação está sendo estimulada; propostas legislativas recentes, inclusive, preveem que locais públicos ofereçam tais recursos de acessibilidade (como alarmes visuais) para atender frequentadores com deficiência auditiva. No dia a dia, essas soluções aumentam a segurança e autonomia: garantem que uma pessoa surda perceba uma campainha, acorde no horário ou seja avisada de uma situação de perigo como qualquer outra.

Políticas públicas e apoio governamental

Muitas dessas ferramentas só se tornaram acessíveis graças a políticas públicas inclusivas. A oficialização da Libras em 2002 e a Lei Brasileira de Inclusão (2015) garantiram direitos como a presença de intérpretes e legendas em serviços públicos, programas de TV e outros conteúdos. O Sistema Único de Saúde, por sua vez, oferece assistência auditiva integral – do teste da orelhinha nos bebês até a doação de aparelhos auditivos, implantes cocleares e terapia fonoaudiológica para reabilitação. Programas e parcerias governamentais (como o projeto VLibras) impulsionam soluções inovadoras, enquanto iniciativas regionais complementam esses esforços: a Prefeitura de São Paulo, por exemplo, já distribuiu milhares de aparelhos auditivos gratuitamente à população. Esse apoio institucional é fundamental para que as tecnologias assistivas cheguem a quem precisa, promovendo a inclusão das pessoas surdas na sociedade.

A rotina de uma pessoa surda pode envolver desafios, mas as ferramentas tecnológicas e recursos assistivos hoje disponíveis permitem superar grande parte das barreiras de comunicação e acessibilidade. Neste Dia Nacional da Surdez, conhecer e valorizar tais ferramentas é reconhecer a importância da inclusão. Quando a sociedade investe em acessibilidade para pessoas surdas, todos se beneficiam de um convívio mais igualitário, diverso e humano.

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Fontes:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/marco/sus-oferece-assistencia-integral-para-pessoas-com-deficiencia-auditiva#:~:text=O%20SUS%20oferece%20diversos%20tratamentos,PAAO

https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2021/abril/lei-que-reconhece-a-libras-como-meio-legal-de-comunicacao-e-expressao-dos-surdos-completa-19-anos#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20IBGE%2C,Foto%3A%20Fernando%20Fraz%C3%A3o%2FAg%C3%AAncia%20Brasil

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021/marco/sus-oferece-assistencia-integral-para-pessoas-com-deficiencia-auditiva#:~:text=Outro%20dado%20apontado%20pelo%20Minist%C3%A9rio,mil%20cirurgias%20realizadas%20pelo%20SUS

https://centraldodireito.com.br/noticias/locais-turisticos-deverao-oferecer-interpretes-de-libras-e-tecnologias-assistivas-aprova-comissao#:~:text=O%20texto%20aprovado%20%C3%A9%20um,em%20v%C3%ADdeos%20e%20aplicativos%20espec%C3%ADficos