
O Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, celebrado em 25 de novembro, homenageia quem transforma solidariedade em cuidado concreto e sustenta cirurgias, partos, transplantes, tratamentos oncológicos e atendimentos a vítimas de traumas. A data também é oportunidade para desfazer mitos, reforçar critérios de segurança e convidar novos doadores a tornarem-se regulares, condição decisiva para atravessar períodos de férias, feriados e mudanças sazonais sem desabastecimento. Para dimensionar o gesto, o Ministério da Saúde sintetiza: “uma pessoa adulta tem em média cinco litros de sangue e em uma doação são coletados no máximo 450 ml; é pouco para você e muito para quem precisa”. A coleta é precedida de triagem clínica e exames que protegem doador e receptor, e o uso se dá conforme a necessidade de cada paciente, após processamento que transforma uma única doação em diferentes hemocomponentes. Informar, acolher e fidelizar são verbos centrais neste 25 de novembro.
Por que doar: necessidade constante e impacto social
A demanda por sangue é permanente porque os hemocomponentes têm validade limitada e inúmeras situações clínicas dependem de transfusão oportuna, como hemorragias obstétricas, cirurgias cardiovasculares, acidentes de trânsito e complicações hematológicas. Mesmo com índices compatíveis com a recomendação internacional, os estoques oscilam em feriados, frio e emergências, exigindo mobilização contínua. Segundo a Fiocruz, “os dados oficiais apontam que cerca de 1,7% da população doou sangue na última década”, proporção que mantém o Brasil na faixa de 1% a 3% indicada pela Organização Mundial da Saúde, mas que ainda não garante conforto permanente em todas as regiões. Além da sazonalidade, pesam fatores culturais, desconhecimento sobre critérios e a falsa ideia de que doar é doloroso ou arriscado. Campanhas educativas, agendamento digital e coletas externas em universidades e empresas ampliam o alcance, diminuem faltas e ajudam a estabilizar estoques ao longo do ano.
Quem pode doar: critérios básicos e segurança
Critérios objetivos protegem doador e receptor e padronizam a triagem clínica. Em âmbito nacional, podem doar pessoas entre 16 e 69 anos; menores de 18 precisam de consentimento do responsável, e candidatos entre 60 e 69 só doam se já o tiverem feito antes dos 60. Também é necessário pesar ao menos 50 kg, apresentar documento oficial com foto e estar em boas condições de saúde. A orientação estadual detalha preparo e impedimentos temporários. De acordo com o governo do estado de São Paulo, “estar em boas condições de saúde, apresentar documento com foto, pesar no mínimo 50 kg, não estar em jejum e evitar alimentação gordurosa nas horas que antecedem a doação” são requisitos gerais. Situações específicas podem adiar a doação por tempo limitado, como infecções recentes, vacinação, cirurgias, procedimentos odontológicos e tatuagens; em vários serviços, se realizados com segurança, tattoos e micropigmentação implicam espera de seis meses, informação que deve ser confirmada no hemocentro antes do agendamento.
Intervalos entre doações e tipos de doação
Intervalos
Os intervalos entre doações respeitam a fisiologia e os estoques de ferro. A legislação sanitária brasileira determina período mínimo de 60 dias para homens e 90 dias para mulheres entre doações de sangue total, com limite anual de quatro doações para eles e três para elas. A Fundação Pró-Sangue resume assim: “Homens – 60 dias (máximo de 04 doações nos últimos 12 meses); Mulheres – 90 dias (máximo de 03 doações nos últimos 12 meses)”. A regularidade planejada beneficia toda a cadeia, pois dá previsibilidade de produção e seleciona doadores com histórico conhecido, reduzindo descartes por inaptidões eventuais. Além do sangue total, existem doações por aférese, em que equipamentos separam e coletam apenas plaquetas ou plasma e devolvem o restante ao doador; nesses casos, a periodicidade é distinta, com intervalos mais curtos e limites definidos em norma técnica, sempre sob avaliação médica.
Da coleta ao paciente: caminho, testes e validade
Validades
Depois do cadastro e da triagem clínica confidencial, a coleta é feita por equipe treinada com material estéril e descartável. O sangue passa por processamento para gerar hemocomponentes como concentrado de hemácias, plasma e plaquetas, multiplicando o alcance de uma única doação. Antes de qualquer transfusão, realizam-se testes sorológicos e moleculares para HIV, hepatites B e C, sífilis e outros agentes, além de tipagem ABO e Rh e provas de compatibilidade quando aplicáveis. A vida útil é limitada, o que reforça a necessidade de fluxo constante de doadores. O Ministério da Saúde explica de forma didática: “as plaquetas podem ser usadas em até 5 dias; o plasma pode ser usado dentro de 12 meses; e o concentrado de hemácias pode ser usado dentro de 42 dias depois da doação”. Esse calendário orienta a logística da hemorrede e justifica campanhas permanentes, especialmente para reposição rápida de plaquetas, muito utilizadas em oncologia e transplantes.
Segurança transfusional: mitos, verdades e cuidado com o doador
A segurança é prioridade e segue normas rígidas de vigilância sanitária e hemovigilância. A entrevista pré-doação, sigilosa, identifica impedimentos temporários e permanentes, e honestidade nas respostas é parte do ato solidário, como reforça o próprio Ministério: “você passará por uma entrevista que tem o objetivo de dar maior segurança para você e aos pacientes; seja sincero ao responder as perguntas”. O uso de materiais descartáveis, antissepsia do local de punção, monitorização e orientação pós-doação reduzem eventos adversos. Quando ocorrem reações, as equipes investigam e aperfeiçoam processos por meio da hemovigilância. Também é importante combater mitos: doar não engorda nem emagrece, não enfraquece de modo duradouro e não aumenta risco de infecções, porque o organismo repõe rapidamente volumes e as bolsas nunca são reutilizadas. Com informação clara e ambiente acolhedor, a experiência costuma ser tranquila e segura, favorecendo o retorno e a fidelização.
Perfis de doador, fidelização e cultura de doação
Os serviços classificam doadores como de primeira vez, de repetição e esporádicos; a meta é transformar o primeiro contato em hábito, porque a fidelização estabiliza estoques, reduz custos e perdas por inaptidões e melhora a eficiência da triagem laboratorial. Manuais do Ministério da Saúde mostram que doadores de repetição tendem a apresentar menos resultados inconclusivos e a manter exames atualizados, o que eleva a segurança transfusional e a previsibilidade de produção. Para ampliar esse grupo, estratégias combinam educação em saúde, comunicação digital, agendamento online, coletas externas em universidades, empresas e eventos comunitários, além de lembretes sobre os intervalos. Números recentes indicam que 1,6% da população doou sangue no SUS em 2023, com mais de 3,2 milhões de bolsas coletadas, o que é relevante e, ao mesmo tempo, um convite para crescer. A mensagem central é simples: doar uma vez ajuda; doar regularmente salva muitas vezes.
O Brasil mantém uma ampla hemorrede pública articulada pelo SUS, com hemocentros coordenadores, regionais e núcleos de coleta que garantem processamento padronizado, controle de qualidade e distribuição equitativa. O atendimento é universal e gratuito e se baseia na doação voluntária e não remunerada, com rastreabilidade e normas claras sobre intervalos, testes, armazenamento e transporte. Nos estados, estruturas como a Fundação Pró-Sangue em São Paulo, a Hemominas em Minas Gerais e outras redes estaduais reforçam campanhas locais, esclarecem dúvidas frequentes e oferecem canais de agendamento. De acordo com o governo paulista, requisitos práticos incluem estar descansado, evitar refeições muito gordurosas antes da coleta e não ingerir álcool nas horas anteriores, orientações que facilitam a experiência do doador e a qualidade das bolsas.
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Fontes:
https://agencia.fiocruz.br/saude-promove-semana-nacional-da-doacao-de-sangue
https://saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/temas-de-saude/sangue/doacao-de-sangue
https://www.prosangue.sp.gov.br/artigos/requisitos_basicos_para_doacao.html




