
Setembro é conhecido como o mês do “Setembro Dourado”, uma campanha dedicada a conscientizar a sociedade sobre o câncer infantojuvenil. Trata-se de um movimento que mobiliza instituições de saúde, escolas e famílias para chamar atenção a essa doença que, apesar de relativamente rara, tem grande impacto. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer já é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Além disso, estimam-se cerca de 7.930 novos casos de câncer infantojuvenil por ano no país – em média, quase um novo diagnóstico a cada hora. Diante desse cenário, a mobilização do Setembro Dourado é fundamental para difundir informações sobre prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e apoio às famílias, aumentando as chances de cura e a qualidade de vida das crianças afetadas.
Panorama do Câncer Infantojuvenil
O câncer infantojuvenil engloba diversos tipos de tumores que afetam crianças e adolescentes, diferindo dos cânceres dos adultos em vários aspectos. Embora represente somente cerca de 2% a 3% de todos os casos de câncer, é a principal causa de morte por doença na faixa etária pediátrica. Os tumores infantis tendem a ter origem em células do sistema sanguíneo (como a medula óssea e o sistema linfático) ou em tecidos de sustentação, sendo geralmente de crescimento rápido e comportamento agressivo. Por outro lado, essas neoplasias costumam responder melhor aos tratamentos atuais, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e cirurgias oncológicas, o que permite altas chances de cura quando há intervenção precoce. Os tipos de câncer mais comuns nessa faixa de idade são as leucemias (câncer do sangue), os tumores do sistema nervoso central (como tumores cerebrais) e os linfomas, seguidos por outros tumores sólidos menos frequentes. Muitas dessas doenças evoluem rapidamente, por isso é fundamental compreender seu comportamento para direcionar o tratamento adequado o quanto antes.
Setembro Dourado e Conscientização
Setembro Dourado é o movimento nacional de conscientização sobre o câncer infantojuvenil, realizado ao longo de todo o mês de setembro. Seu objetivo é chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce e divulgar informações sobre os tipos de câncer, seus sinais e sintomas, bem como formas de tratamento. A campanha tem alcance nacional e conta com o engajamento de instituições de saúde, organizações não governamentais e do poder público, todos unidos para ampliar o conhecimento da população. Um dos focos centrais é orientar pais, professores e profissionais de saúde a ficarem atentos aos possíveis sinais da doença, de modo que os casos sejam identificados e encaminhados o quanto antes para tratamento. Em função dessa mobilização, surgem iniciativas públicas para fortalecer a rede de atendimento: em 2022, por exemplo, foi instituída uma política nacional voltada à oncologia pediátrica, com medidas para priorizar o diagnóstico precoce e aumentar as taxas de cura. A cor dourada, presente em laços e iluminações temáticas, simboliza o valor da vida das crianças com câncer e a esperança de que, com conscientização e ações concretas, cada vez mais casos tenham desfechos positivos.
Prevenção
Ao contrário de muitos cânceres em adultos, não existem medidas eficazes de prevenção primária conhecidas para a maioria dos tumores infantojuvenis. Até o momento, pesquisas indicam que não há relação comprovada entre fatores ambientais ou de estilo de vida e o surgimento do câncer infantil. Predisposições genéticas hereditárias também são incomuns na oncologia pediátrica – a maioria dos casos ocorre de forma esporádica, sem uma causa prevenível identificável. Dessa forma, os especialistas afirmam que, infelizmente, a prevenção do câncer infantojuvenil raramente é possível. Apesar disso, recomenda-se incentivar desde cedo hábitos de vida saudáveis para as crianças, como alimentação equilibrada, evitar exposição ao tabaco e manter as vacinações em dia, visando à saúde geral e à prevenção de outras doenças no futuro. No contexto do câncer infantojuvenil, a ênfase recai na chamada prevenção secundária: identificar precocemente os casos para impedir que a doença avance sem tratamento.
Diagnóstico Precoce
Detectar o câncer infantojuvenil o quanto antes faz toda a diferença. Quando a doença é identificada em estágio inicial e a terapia é iniciada rapidamente, as chances de cura podem chegar a 80%. De fato, a combinação de diagnóstico precoce e tratamento em centro especializado aumenta drasticamente a probabilidade de cura. O desafio é que os sintomas do câncer infantil são inespecíficos e semelhantes aos de doenças comuns da infância, o que pode atrasar a suspeita. Sinais de alerta incluem palidez e cansaço excessivos, dores ou inchaços persistentes em ossos e articulações, perda de peso sem explicação, alterações oculares (reflexo branco na pupila ou estrabismo), aparecimento de caroços ou aumento de volume em regiões do corpo, hematomas ou sangramentos fáceis e sudorese noturna. Esses sinais isoladamente não significam necessariamente câncer, mas exigem avaliação médica imediata. No Brasil, infelizmente, muitos diagnósticos ainda são tardios – estudos mostram que o intervalo entre os primeiros sintomas e a confirmação pode ser longo, levando pacientes a chegarem ao tratamento com a doença avançada.
Tratamento e Chances de Cura
O tratamento do câncer infantojuvenil deve ser conduzido em centros especializados de oncologia pediátrica, com equipe multidisciplinar preparada para atender às necessidades específicas da criança. As modalidades terapêuticas incluem quimioterapia (uso de medicamentos para destruir as células cancerígenas), cirurgia para remover tumores sólidos, radioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea ou imunoterapia. Por serem tumores muitas vezes de natureza embrionária e de rápido crescimento, a resposta a esses tratamentos costuma ser bastante positiva, desde que a doença seja tratada sem demora. Com protocolos adequados, a maioria dos pacientes pediátricos pode alcançar a cura ou longos períodos de remissão, retomando uma vida compatível com a infância. Em países desenvolvidos, as taxas de cura superam 80%, enquanto no Brasil giram em torno de 64% – diferença explicada em parte pelo diagnóstico tardio e pelas dificuldades de acesso à alta complexidade. A expectativa é que esse número melhore conforme novos centros especializados entram em funcionamento e políticas recentes sejam implementadas. No Brasil, o tratamento é oferecido de forma integral e gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo medicamentos, cirurgias e todo o acompanhamento necessário.
Apoio às Famílias
O impacto do câncer infantojuvenil vai além do paciente – envolve toda a família, que também enfrenta desafios emocionais, financeiros e sociais. Não é apenas a criança que “adoece”, mas todos ao seu redor são afetados pela luta contra a doença. Por isso, é fundamental que a criança e a família recebam apoio psicossocial integral durante todo o tratamento. Existem organizações não governamentais e casas de apoio que auxiliam as famílias, fornecendo hospedagem, alimentação e assistência prática para aqueles que precisam se deslocar para os grandes centros de tratamento. Essas instituições atuam para garantir melhor qualidade de vida, dignidade e cidadania aos pequenos pacientes e seus familiares, minimizando as dificuldades impostas pela enfermidade.
O Setembro Dourado é um movimento de esperança, informação e solidariedade que coloca no centro da atenção social a vida de milhares de crianças e adolescentes que enfrentam o câncer. Ao longo deste mês, a cor dourada simboliza o valor inestimável da infância e o compromisso coletivo de ampliar as chances de cura por meio do diagnóstico precoce, do acesso a tratamentos modernos e do suporte integral às famílias. Além do aspecto clínico, é preciso reconhecer o peso emocional e social dessa jornada. As famílias são profundamente afetadas e precisam de suporte contínuo, seja em termos de acolhimento psicológico, seja no amparo financeiro e logístico, principalmente quando o tratamento ocorre em grandes centros.
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Fontes: