A importância dos exames neonatais

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Exames neonatais são realizados no recém-nascido (RN) como forma de avaliação geral de sua saúde e de diagnóstico precoce de doenças, o que permite começar cedo o tratamento e diminuir ou eliminar sequelas. Ao nascer, o bebê deve ser submetido a seis exames: o Físico, de Tipagem Sanguínea, do Pezinho, do Olhinho, da Orelhinha e do Coraçãozinho.
 

O Teste do Pezinho é um exame de sangue geralmente colhido do calcanhar do RN. É importante porque, assim que o bebê nasce, permite detectar doenças que ainda não apresentam sintomas. A versão ampliada do teste é capaz de identificar precocemente mais de trinta doenças.
 

“Quando não é feito na própria maternidade, os pais ou cuidadores podem levar a criança a um posto de coleta entre o 3º e o 7º dia de vida”, afirma Júlia Alvim, enfermeira especializada em Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
 

Através do Serviço de Referência em Triagem Neonatal, disponível em todos os Estados, ou da Secretaria Municipal de Saúde, pode-se obter o endereço dos postos de coleta de sangue para realização deste exame.
 

A enfermeira defende que a triagem neonatal deve ir além do Teste do Pezinho, abrangendo todos os demais testes. O Exame Físico, por exemplo, serve para identificar se há problemas físicos como malformações. Na sala de parto, deve ser feito um exame físico sucinto e outro exame minucioso deve ser feito antes de o bebê completar 12 horas de vida. “E enquanto o bebê estiver na maternidade, o exame físico deve ser realizado diariamente”, complementa Júlia.
 

No caso dos recém-nascidos, aplicam-se algumas manobras específicas, como a de Ortolani, conhecida como Teste do Quadril. “Consiste na flexão dos membros inferiores seguida da rotação externa para pesquisa de luxação congênita da displasia de quadril. Se ocorrer um estalo, é o sinal de Ortolani positivo”, esclarece a enfermeira.
 

A Tipagem Sanguínea é mais um teste importante, pois identifica o tipo de sangue (A, B, AB ou O) e seu fator Rh (positivo ou negativo). Conhecer o tipo e o fator sanguíneos é fundamental em caso de emergências médicas, como uma transfusão de sangue, além da detecção de incompatibilidade sanguínea entre mãe e bebê. É obrigatório em todas as maternidades do país, tanto da rede particular quanto do SUS.
 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica, o Teste do Olhinho, ou do Reflexo Vermelho, deve ser feito antes de a criança receber alta e, repetidamente, nas consultas pediátricas. É capaz de identificar a presença de diversas enfermidades visuais, como a catarata congênita.
 

O Teste da Orelhinha, ou Triagem Auditiva Neonatal, permite detectar deficiências auditivas que podem levar a problemas de linguagem e de aprendizado. “O acesso precoce ao diagnóstico, somado à participação da família e a intervenções fonoaudiológicas e psicopedagógicas desde o início, podem auxiliar no desenvolvimento da linguagem e da comunicação oral”, diz a enfermeira Júlia.
 

Este exame deve ser feito preferencialmente nos primeiros dias de vida. É um teste que dura de cinco a dez minutos, realizado pelo fonoaudiólogo com equipamento específico. Desde agosto de 2010, é obrigatório por lei federal que todos os hospitais e maternidades realizem o exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas nas crianças nascidas em suas dependências.
 

Outro teste importante é o do Coraçãozinho, ou Oximetria de Pulso. É simples, indolor, rápido e deveria fazer parte da triagem de rotina de todos os recém-nascidos, pois é importante para o diagnóstico precoce de cardiopatia congênita crítica. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) sugere a aferição da oximetria de pulso em todo recém-nascido aparentemente saudável com idade gestacional maior que 34 semanas, antes da alta da unidade neonatal.
 

De acordo com Júlia Alvim, todos os exames citados podem ser feitos na maternidade pelo Sistema Único de Saúde. O Teste do Coraçãozinho é o único que ainda não é obrigatório em todo território nacional, exceto em Mato Grosso do Sul, onde já é exigido por lei.
 

“A descoberta precoce de determinadas doenças ou situações de risco pode salvar a vida do bebê, no caso das doenças que necessitam de intervenções imediatas. Em outros casos, pode ser determinante para a eficácia dos tratamentos, buscando a cura, diminuição dos sintomas ou evitando sequelas graves”, conclui Júlia Alvim.
 

Referências:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Ciência e Tecnologia. DIVULGAÇÃO E TREINAMENTO DO TESTE DO REFLEXO VERMELHO EM RECÉMNASCIDOS COMO ESTRATÉGIA POLÍTICA EM DEFESA DA SAÚDE OCULAR INFANTIL NO CEARÁ. / Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS – 2009

Brasil. Ministério da Saúde. http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1061 Acesso em: 14-08-12
Grupo de Apoio à Triagem Auditiva Neonatal Universal http://www.gatanu.org/secoes/programa-de-tratamento/itens/triagem – Acesso em: 15-08-12
Sociedade Brasileira de Pediatria: http://www.sbp.com.br/pdfs/diagnostico-precoce-oximetria.pdf – Acesso em: 15-08-12