Abril Azul: mês de conscientização do autismo

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Hoje é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, transtorno do neurodesenvolvimento infantil que se caracteriza por dificuldades na interação social e na comunicação, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos. O mês, chamado de Abril Azul, é dedicado ao entendimento sobre a condição, que atinge uma a cada 59 crianças.

De acordo com a psicóloga e PhD em neurociência Maria Alice Fontes, os comportamentos repetitivos muitas vezes se manifestam pelo interesse intenso e focalizado em um assunto em particular. “As crianças também podem apresentar movimentos corporais estereotipados, como agitar as mãos, além de sensibilidade aumentada a sons, cheiros ou texturas”, diz a especialista.

Tratamento precoce

Maria Alice explica que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma desordem que acompanha o indivíduo ao longo da vida. “O quanto antes os pais começarem uma estimulação adequada, melhor poderá ser o prognóstico”, diz.

“Você não pode mudar o fato de que uma pessoa tem autismo, mas o apoio pode melhorar significativamente a capacidade de uma criança ser bem-sucedida em todas as áreas da sua vida. Esse suporte é chamado de intervenção. Intervenção intensiva e terapia podem ajudar muito.
Até o momento, não se sabe cientificamente o que pode provocar o autismo, porém, tanto causas genéticas como ambientais podem estar envolvidas. “É uma causa multifatorial”, diz Maria Alice.

“Dependendo do fator de influência e das redes neuronais afetadas, há um tipo de funcionamento diferente do outro, então cada criança é diferente da outra, podendo ter traços mais leves ou mais acentuados, indicando se a criança vai precisar mais ou menos de intervenção”, completa a especialista.

Há diferentes graus

O diagnóstico do autismo é feito por meio da avaliação de uma série de comportamentos dentro de um espectro, ou seja, em graus dentro de um contínuo. “A avaliação da criança é feita de acordo com a quantidade de sintomas característicos de autismo apresentados, e classificados desde sem sinais de autismo, passando por grau leve, moderado e severo”, detalha Maria Alice.

A psicóloga explica que o que difere um grau do outro é a quantidade de sintomas e quão comprometida funcionalmente está a criança.

“Por exemplo, se uma criança tem apenas alguns sinais de dificuldade sociais, problemas leves de linguagem e poucos comportamentos típicos, ele pode ter um grau leve. Entretanto, se a criança tem vários comprometimentos característicos de autismo com problemas severos de interação social, ela pode ter um grau de moderado a severo dentro do espectro”, explica.

Sinais podem aparecer nos primeiros meses de vida

Crianças que têm TEA já começam a demostrar sinais nos primeiros meses de vida. “Elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. A partir dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas e, quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, podem não demonstrar muita reação”, explica a especialista em neurociências.

No entanto, a psicóloga diz que a qualidade de vida de muitas crianças e adultos pode ser significativamente melhorada por um diagnóstico precoce e a indicação de tratamento.

O diagnóstico do autismo é clínico, feito por meio de observação direta do comportamento, e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. “Os sintomas costumam estar presentes antes dos três anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade”, explica.

De acordo com a psicóloga, a tendência é que a maioria das pessoas não perceba o quadro até os cinco ou seis anos, quando as habilidades sociais e de comunicação estão muito bem estabelecidas na maioria das crianças, destoando da criança com autismo.

“Por isso é comum que os pais escutem que seus filhos de dois ou três anos não apresentam nenhum problema. Habitualmente, pessoas que conhecem o quadro têm mais capacidade para reconhecer as diferenças de comportamento em crianças pequenas”.

Para identificar se a criança é autista, são analisados os critérios abaixo:

  • Capacidade de socialização
  • Imitação de sons, palavras e movimentos
  • Resposta emocional apropriada para a idade, por meio da expressão facial e postura corporal
  • Agilidade e expressão motora
  • Interesse adequado em brinquedos e outros objetos relativos a seu nível de desenvolvimento
  • Capacidade de adaptação a mudanças
  • Uso do olhar, audição e tato de forma apropriada para a idade
  • Uso apropriado dos sentidos para explorar novos objetos
  • Autorregulação, medo e nervosismo apropriados para a idade e situação
  • Comunicação verbal e não verbal apropriadas para a situação e idade
  • Inteligência em várias áreas de forma equivalente e não somente em uma única área

Revisão técnica

  • Prof. Dr. Max Grinberg
  • Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
  • Autor do blog Bioamigo

Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.

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