Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais: prevenção, diagnóstico precoce e o papel do plano de saúde

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imagem de um laço amarelo, simbolizando a campanha de saúde: Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais: prevenção, diagnóstico precoce e o papel do plano de saúde

Segundo a OMS, as hepatites virais representam uma ameaça silenciosa à saúde pública global. Causadas por diferentes vírus – entre os mais conhecidos, os tipos A, B, C, D e E – essas doenças podem passar despercebidas durante anos, levando à cirrose, câncer de fígado e, em casos extremos, à morte. O Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, celebrado em 28 de julho, é um momento estratégico para promover a conscientização, estimular o diagnóstico precoce e fortalecer a rede de cuidados e prevenção. A escolha dessa data homenageia o nascimento do cientista Baruch Blumberg, responsável pela descoberta do vírus da hepatite B e pelo desenvolvimento da primeira vacina contra a doença. Em um cenário onde o Brasil ocupa posição preocupante em relação aos casos crônicos de hepatites, é fundamental refletir sobre os avanços conquistados e os desafios persistentes.

O desafio da prevenção: educação em saúde e vacinação como pilares

O combate às hepatites virais começa antes mesmo do diagnóstico: começa na prevenção. E prevenir, neste contexto, exige uma abordagem ampla, que vai desde a vacinação – disponível e gratuita para os vírus A e B no SUS – até estratégias de educação em saúde que atinjam públicos diversos, inclusive os mais vulneráveis. A hepatite A, geralmente transmitida por via oral-fecal, está diretamente associada a condições de saneamento básico precário, o que reforça a necessidade de políticas públicas de infraestrutura e acesso à água potável. Já a hepatite B, por sua vez, é transmitida por via sexual, sanguínea ou de mãe para filho durante o parto. Neste caso, a vacinação infantil obrigatória no Brasil tem sido uma das ferramentas mais eficazes na redução da incidência da doença, mas há um grande contingente de adultos que ainda não está imunizado, o que exige campanhas específicas para esse grupo. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

A hepatite C, que não possui vacina, representa um dos maiores desafios. Sua principal forma de transmissão é por contato com sangue contaminado, o que inclui transfusões realizadas antes dos anos 90, compartilhamento de seringas, instrumentos de manicure ou tatuagem não esterilizados. A prevenção, nesse caso, depende quase exclusivamente da informação. É necessário que as pessoas entendam seus riscos, saibam que a infecção pode ser assintomática por décadas e que, mesmo sem sintomas, pode estar em curso um processo silencioso de destruição hepática. O setor educacional, a mídia e os profissionais de saúde devem atuar de maneira integrada para fortalecer esse conhecimento e incentivar comportamentos seguros, como o uso de preservativos, a não reutilização de materiais cortantes e o cuidado com locais de estética e procedimentos invasivos. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

Diagnóstico precoce: quebrando o silêncio das hepatites virais

O diagnóstico precoce é um dos pontos-chave para o controle das hepatites virais. Segundo dados do Ministério da Saúde, boa parte das pessoas infectadas no Brasil desconhece sua condição. Essa invisibilidade do vírus cria um ciclo perigoso: a pessoa não se trata, continua transmitindo a doença e só descobre o problema quando as complicações hepáticas já são severas. É por isso que a triagem sistemática – especialmente para os grupos de risco – deve ser incentivada de forma contínua, tanto na rede pública quanto na privada. Testes rápidos e exames laboratoriais como sorologias e carga viral estão disponíveis, mas ainda há entraves no acesso, na recomendação médica e, sobretudo, na percepção da população quanto à importância desses exames. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

É preciso quebrar o estigma que ainda cerca essas doenças. Muitas pessoas evitam realizar o teste por medo de um diagnóstico positivo, ou porque associam a hepatite apenas a comportamentos de risco extremos, sem entender que a infecção pode ocorrer em diferentes contextos e por meios inesperados. O diagnóstico, no entanto, é o primeiro passo para um tratamento eficaz. De acordo com o Ministério da Saúde, no caso da hepatite C os antivirais de ação direta disponíveis hoje são capazes de curar mais de 95% dos casos. Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores as chances de impedir complicações e de preservar a qualidade de vida do paciente. O Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais é uma oportunidade estratégica para reforçar campanhas de testagem em massa, inclusive com abordagens fora do ambiente hospitalar, como ações em empresas, escolas, feiras e comunidades. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

O papel do plano de saúde na prevenção e no cuidado

Os planos de saúde ocupam um lugar essencial na cadeia de prevenção e cuidado com as hepatites virais. Apesar de boa parte da população brasileira ainda depender exclusivamente do SUS, os beneficiários de planos privados esperam, com razão, um atendimento eficiente e preventivo. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) já estabelece que exames como os de sorologia para hepatites B e C devem estar incluídos no rol de procedimentos obrigatórios. No entanto, muitas operadoras ainda adotam uma postura reativa, oferecendo exames apenas mediante sintomas ou suspeitas clínicas claras, o que é insuficiente frente ao caráter silencioso da doença. A mudança dessa lógica requer uma visão mais proativa, com check-ups periódicos e campanhas de conscientização conduzidas pelas próprias operadoras. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

Além disso, os planos têm a possibilidade de investir em programas de prevenção mais amplos, como a disponibilização de vacinas, o incentivo à testagem em massa entre seus beneficiários e o monitoramento contínuo de pacientes crônicos. A personalização da assistência, com foco na medicina preventiva, deve ser um diferencial das operadoras comprometidas com a saúde de seus segurados. Muitas vezes, a ausência de cobertura para determinados exames complementares ou antivirais de última geração ainda representa um entrave para o controle das hepatites no setor privado. Por isso, é fundamental que os planos estejam alinhados com as diretrizes do Ministério da Saúde e com as atualizações científicas mais recentes, incorporando inovações com agilidade e responsabilidade. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

Desafios para ampliar o acesso ao tratamento e à cura

Apesar dos avanços no tratamento das hepatites virais – especialmente da hepatite C, que hoje é considerada curável – ainda existem barreiras significativas ao acesso. A primeira delas é o próprio diagnóstico tardio, que já discutimos. Mas além disso, há dificuldades relacionadas à burocracia, à disponibilidade dos medicamentos em diferentes regiões e à falta de seguimento adequado dos pacientes diagnosticados. Em algumas localidades, faltam profissionais especializados em hepatologia, o que obriga pacientes a percorrerem grandes distâncias para consultas e exames. A falta de informação pode levar à interrupção do tratamento ou ao uso incorreto dos medicamentos. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

No setor privado, o desafio é garantir que os tratamentos mais modernos estejam incluídos nos protocolos e cobertos pelas operadoras de saúde. O tempo entre o reconhecimento da eficácia de um novo medicamento e sua incorporação ao rol da ANS pode ser longo, deixando os pacientes desassistidos. É fundamental, portanto, que haja agilidade nos processos de atualização e que os beneficiários sejam orientados adequadamente sobre seus direitos. Para além do acesso ao tratamento, a continuidade do cuidado é essencial. Pacientes que foram curados da hepatite C, por exemplo, devem manter o acompanhamento hepático por anos, especialmente se já apresentavam sinais de fibrose ou cirrose antes do tratamento. O cuidado com o fígado não termina com a eliminação do vírus. (Saúde PR; PAHO; Ministério da Saúde)

O Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais deve ser visto como um marco simbólico, mas também como um ponto de partida prático. É o momento de revisar políticas internas, implementar ações concretas e reforçar o compromisso com a saúde coletiva. Planos de saúde que investem em prevenção e tratamento adequado não apenas contribuem com o bem-estar de seus clientes, como também fortalecem sua própria sustentabilidade financeira a longo prazo. Afinal, cuidar da saúde hoje é evitar gastos e sofrimento no futuro. A eliminação das hepatites é possível, mas requer vigilância constante, investimento estratégico e, sobretudo, a vontade de agir antes que os sintomas apareçam.

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Fontes:

https://www.saude.pr.gov.br/Noticia/Saude-alerta-para-campanha-Julho-Amarelo-de-prevencao-hepatites-virais

https://www.paho.org/pt/dia-mundial-combate-hepatite

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/julho/luta-contra-hepatites-virais-ministerio-da-saude-lanca-campanha-de-conscientizacao-e-novo-boletim-epidemiologico