Dia Nacional sobre o uso racional de medicamentos: entenda a importância da conscientização

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Imagem de uma pessoa colocando um comprimido na mão para representar: Dia nacional sobre o uso racional de medicamentos: entenda a importância da conscientização

O Dia Nacional sobre o Uso Racional de Medicamentos, celebrado em 5 de maio, reforça a importância da conscientização sobre o consumo seguro e responsável de fármacos no Brasil. Neste artigo, você vai entender os riscos da automedicação, os impactos da resistência bacteriana, o papel fundamental dos farmacêuticos e a importância da educação em saúde para reduzir erros no uso de remédios. Com dados atualizados, estudos relevantes e exemplos de políticas públicas, o conteúdo aprofunda como o uso consciente de medicamentos pode salvar vidas, evitar desperdícios e fortalecer o sistema de saúde. Descubra por que essa data é essencial para transformar a relação da sociedade com os remédios e promover um cuidado mais eficaz, humano e sustentável. Um conteúdo indispensável para profissionais da saúde, estudantes, gestores e todos que se preocupam com bem-estar e qualidade de vida. Leia e reflita sobre como pequenas mudanças podem ter grande impacto.

O Dia Nacional sobre o Uso Racional de Medicamentos, celebrado anualmente em 5 de maio, representa uma iniciativa crucial para fomentar a conscientização sobre os riscos associados ao uso inadequado de medicamentos e, ao mesmo tempo, promover práticas seguras e eficazes no consumo desses produtos. A data foi criada como uma resposta à crescente preocupação com o uso indiscriminado de fármacos no Brasil, país que figura entre os maiores consumidores de medicamentos do mundo, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A escolha desse dia não é aleatória. Ela visa reforçar a importância da educação em saúde como estratégia para reduzir automedicação, interações medicamentosas prejudiciais, desperdícios financeiros e, principalmente, os danos à saúde da população. O uso racional de medicamentos pressupõe que o paciente receba o remédio adequado, na dose correta, pelo tempo necessário e com o menor custo possível — tanto para ele quanto para o sistema de saúde.

O cenário brasileiro do consumo de medicamentos

A realidade brasileira em relação ao uso de medicamentos é alarmante. Segundo a pesquisa Vigitel, publicada pelo Ministério da Saúde, mais de 76% dos brasileiros consomem medicamentos regularmente. Contudo, uma análise mais profunda revela um dado preocupante: estima-se que cerca de 20% a 30% das internações hospitalares estejam relacionadas a problemas decorrentes do uso inadequado de medicamentos, como superdosagem, interações medicamentosas e efeitos adversos evitáveis.

A automedicação, por exemplo, ainda é uma prática extremamente comum no Brasil. De acordo com o Conselho Federal de Farmácia (CFF), aproximadamente 77% da população admite já ter se automedicado. Esse comportamento, motivado muitas vezes pela facilidade de acesso a medicamentos sem prescrição e pela crença na experiência pessoal ou de terceiros, pode resultar em efeitos colaterais graves e mascarar doenças que requerem avaliação médica adequada.

Um estudo conduzido pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) apontou que o Brasil tem uma média elevada de uso de antibióticos sem prescrição médica, o que contribui para o aumento da resistência bacteriana — um dos maiores desafios globais em saúde pública na atualidade.

Consequências do uso irracional de medicamentos

O uso irracional de medicamentos pode gerar uma série de consequências negativas para os indivíduos e para a sociedade como um todo. Em termos clínicos, ele pode levar à ineficácia do tratamento, ao agravamento de doenças e ao surgimento de reações adversas. No caso dos antibióticos, o uso indiscriminado está diretamente associado à resistência antimicrobiana, um fenômeno que transforma infecções comuns em ameaças potencialmente letais.

De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 2023, mais de 1,2 milhão de pessoas morrem todos os anos por infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos. A projeção, se nenhuma medida for tomada, é que esse número chegue a 10 milhões até 2050. No Brasil, o Instituto Butantan alertou que infecções hospitalares causadas por microrganismos multirresistentes já são uma das principais causas de óbito em UTIs.

Do ponto de vista econômico, o uso irracional de medicamentos representa um custo imenso para o sistema de saúde. Estudos da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz apontam que o uso inadequado de fármacos é responsável por mais de R$ 1 bilhão em gastos anuais evitáveis no SUS, com internações e tratamentos de complicações. Para o paciente, o impacto pode ser ainda mais direto, refletido no desperdício de dinheiro com medicamentos ineficazes ou desnecessários.

Tomada de decisão baseada em dados

Para combater esse cenário, é fundamental investir em políticas públicas sustentadas por dados e evidências científicas. Um exemplo é a criação de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, que auxiliam profissionais da saúde na prescrição adequada de medicamentos, levando em consideração as melhores práticas baseadas em evidências.

Segundo a pesquisa “Medicamentos e Cidadania”, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), muitos pacientes ainda enfrentam dificuldades em compreender bulas e orientações médicas. A alfabetização em saúde é um fator essencial na jornada do uso racional de medicamentos, pois permite que os pacientes participem de maneira ativa nas decisões sobre seu tratamento. O uso de tecnologias, como prontuários eletrônicos integrados e aplicativos de monitoramento da medicação, tem ganhado espaço no Brasil e no mundo. Um estudo publicado no Journal of Medical Internet Research mostrou que pacientes que utilizam aplicativos para controle de horários e dosagens apresentam maior adesão ao tratamento e menor incidência de erros de medicação.

O papel da farmácia e do farmacêutico na conscientização

As farmácias e os farmacêuticos têm papel estratégico na promoção do uso racional de medicamentos. Como profissionais da linha de frente, os farmacêuticos são muitas vezes o primeiro contato do paciente com o sistema de saúde, especialmente em áreas onde o acesso a médicos é limitado. Essa proximidade deve ser aproveitada para orientar o público sobre os riscos da automedicação, a importância de seguir prescrições e a maneira correta de armazenar e descartar medicamentos.

Desde 2014, com a Lei nº 13.021, as farmácias brasileiras passaram a ser reconhecidas como unidades de assistência à saúde, o que fortaleceu a atuação clínica do farmacêutico. Isso permite que esses profissionais realizem o acompanhamento farmacoterapêutico, identifiquem interações perigosas entre medicamentos e reforcem a adesão ao tratamento prescrito por médicos.

Em programas como o “Cuidado Farmacêutico no SUS”, criado pelo Ministério da Saúde, os resultados mostram que a atuação ativa dos farmacêuticos é capaz de reduzir significativamente os erros relacionados à medicação e melhorar os resultados terapêuticos dos pacientes com doenças crônicas, como hipertensão e diabetes.

Educação em saúde como ferramenta de transformação

A educação em saúde é, sem dúvida, um dos pilares mais importantes para garantir o uso racional de medicamentos. Campanhas educativas, oficinas em escolas, unidades de saúde e até nas redes sociais têm sido utilizadas como estratégias para desmistificar o uso de remédios e encorajar a população a adotar comportamentos mais seguros e informados.

A experiência da campanha “Medicamento: só com orientação”, promovida pelo CFF em parceria com o Ministério da Saúde, é um exemplo de como ações bem estruturadas podem alcançar milhões de brasileiros e gerar impacto positivo. A campanha abordou temas como automedicação, antibióticos, medicamentos genéricos e descarte correto, com linguagem acessível e forte presença digital.

O Dia Nacional sobre o Uso Racional de Medicamentos é mais do que uma data simbólica. É um convite à reflexão e à ação coletiva sobre um tema que impacta profundamente a saúde pública, a economia e a qualidade de vida dos brasileiros. A conscientização sobre o uso correto de medicamentos precisa envolver todos os atores da sociedade — pacientes, profissionais da saúde, gestores públicos e empresas farmacêuticas.

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Fontes:

https://www.crfsp.org.br/noticias/12031-uso-racional-de-medicamentos-1.html

https://www.paho.org/pt/documentos/cd61inf9-acesso-e-uso-racional-medicamentos-e-outras-tecnologias-em-saude-estrategicos-e