Setembro Verde é uma iniciativa anual de conscientização no Brasil marcada por duas importantes campanhas nacionais que ocorrem durante o mês de setembro. Uma das frentes da campanha é dedicada à inclusão social das pessoas com deficiência, enquanto a outra promove a doação de órgãos para salvar vidas. Essas campanhas compartilham o mesmo nome e período e têm relação direta com duas datas de grande relevância: 21 de setembro e 27 de setembro, que correspondem, respectivamente, ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência e ao Dia Nacional da Doação de Órgãos. Com isso, setembro tornou-se sinônimo de mobilização nacional em prol da inclusão e da solidariedade.
O que é o Setembro Verde?
De acordo com fontes oficiais, o Setembro Verde designa duas campanhas de conscientização distintas realizadas no mês de setembro: uma voltada à inclusão de pessoas com deficiência e outra ao incentivo à doação de órgãos. No caso da inclusão, procura-se garantir oportunidades e direitos às pessoas com deficiência, promovendo acessibilidade e combatendo o preconceito (capacitismo). Já no campo da saúde, a campanha enfatiza a importância da doação de órgãos como um ato de empatia que pode salvar vidas – incentivando, inclusive, que famílias conversem sobre o tema para manifestar o “sim” à doação quando necessário. Essas iniciativas têm ganhado força ao longo dos anos, contando com o engajamento de órgãos públicos, instituições e da sociedade civil na causa.
A Luta da Pessoa com Deficiência (21 de setembro)
A primeira vertente do Setembro Verde está ligada ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro. Essa data foi oficializada pela Lei Federal nº 11.133/2005 e coincide propositalmente com o início da primavera e o Dia da Árvore, simbolizando florescimento e renovação – uma metáfora para a inclusão social. Conforme destaca o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), essa união de símbolos reforça o sentimento de renovação e a necessidade de manter viva a luta por cidadania e participação plena das pessoas com deficiência. Apesar de diversos avanços legais, milhões de brasileiros ainda enfrentam barreiras de acessibilidade e preconceito no dia a dia. Estima-se que mais de 60 milhões de pessoas no Brasil possuam algum tipo de deficiência ou dificuldade de inclusão em diferentes âmbitos, o que evidencia a importância de manter o tema em foco por meio de campanhas como o Setembro Verde.
Origem da campanha de inclusão social
No contexto da inclusão, o Setembro Verde surgiu como iniciativa da sociedade civil em São Paulo e depois se expandiu nacionalmente. Em 2015, a APAE de Valinhos (SP), em parceria com a FEAPAES-SP (Federação das APAEs do Estado), lançou a primeira campanha Setembro Verde voltada à inclusão. A ideia rapidamente ganhou visibilidade e adesão em todo o estado de São Paulo e também em outras regiões do país. Conforme noticiado pela imprensa local, o movimento de Valinhos se tornou a maior campanha de inclusão social do estado de São Paulo, consolidando-se e ganhando mais adeptos a cada ano. Durante o mês de setembro, APAEs e instituições parceiras promovem diversas ações simbólicas e educativas, como iluminar edifícios públicos de verde, realizar palestras e eventos inclusivos, e mobilizar campanhas nas redes sociais. Essa mobilização conjunta de sociedade e poder público reforça que a inclusão é um compromisso permanente de todos, e não apenas uma celebração pontual.
Desafios para a inclusão social
Mesmo com leis e iniciativas em vigor, os obstáculos para a plena inclusão das pessoas com deficiência permanecem significativos. Barreiras físicas nas cidades, falta de adaptações em escolas e locais de trabalho, além de atitudes discriminatórias, continuam limitando a participação de muitos brasileiros. O Setembro Verde contribui para manter esse debate em evidência e cobrar ações efetivas do poder público. Como destacado em reportagem sobre o movimento, a campanha busca desmistificar preconceitos e mostrar que as pessoas com deficiência têm um papel essencial na sociedade. Ou seja, mais do que celebrar conquistas, é necessário um esforço contínuo e compartilhado para que a inclusão se torne realidade cotidiana.
Doação de Órgãos e o Setembro Verde (27 de setembro)
A segunda frente de mobilização do Setembro Verde refere-se à conscientização sobre doação de órgãos e tecidos. Em 27 de setembro celebra-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos, e diversas campanhas ocorrem ao longo do mês para divulgar esse tema. No Estado de São Paulo, por exemplo, a Lei estadual nº 15.463/2014 estabeleceu oficialmente setembro como o Mês da Doação de Órgãos, denominado “Setembro Verde”. Essa iniciativa impulsionou ações anuais de divulgação, como a iluminação de monumentos em verde e eventos públicos para estimular a população a se tornar doadora. O objetivo central da campanha é informar o público sobre como a doação de órgãos salva vidas e esclarecer eventuais dúvidas ou mitos que possam gerar hesitação em doar.
A importância do “sim” na doação de órgãos
No Brasil, a doação de órgãos só ocorre com o consentimento da família, o que torna fundamental o diálogo aberto sobre o tema. Segundo o Ministério da Saúde, embora haja muitos potenciais doadores, a taxa de doações efetivas ainda é baixa: a cada 14 pessoas aptas a doar, apenas 4 de fato tornam-se doadoras, principalmente devido à recusa familiar em autorizar o procedimento. Entre as razões mais comuns para a negativa estão o desconhecimento sobre o processo, mitos relacionados à morte encefálica e receios quanto à manipulação do corpo do ente falecido. Para enfrentar esses obstáculos, a campanha nacional de 2024 adotou o lema “Doação de órgãos: precisamos falar sim”, enfatizando a necessidade de quebrar tabus e encorajar os familiares a dizerem “sim” à doação. Um único doador pode salvar ou melhorar a vida de várias pessoas, de modo que promover a cultura do “sim” à doação significa literalmente salvar vidas e disseminar solidariedade.
Fila de espera e números dos transplantes
O cenário dos transplantes de órgãos no Brasil reflete tanto desafios quanto progressos. Atualmente, cerca de 66,2 mil pacientes figuram na lista de espera por um órgão em todo o país. Apesar desse número elevado, o Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo, coordenado pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do SUS. Nos últimos anos, os indicadores de doações e cirurgias apresentaram recuperação e crescimento. No primeiro semestre de 2024, foram realizados mais de 14,3 mil transplantes de órgãos e tecidos pelo SUS, superando o mesmo período do ano anterior. A espera, porém, ainda pode ser longa, e nem todos os pacientes conseguem um doador a tempo. Por isso, ampliar o número de doadores efetivos é um objetivo crucial – campanhas como o Setembro Verde ajudam a manter esse assunto em evidência junto à população.
Ao longo do mês, multiplicam-se histórias de solidariedade e superação que reforçam a mensagem de esperança associada à cor verde. O Setembro Verde, ao unir duas causas distintas sob um mesmo símbolo, lembra que construir uma sociedade melhor passa tanto por salvar vidas quanto por incluir todos os cidadãos na comunidade. Em ambos os casos, trata-se de promover a dignidade humana. O Setembro Verde comprova que a conscientização é o primeiro passo para a mudança social, inspirando atitudes mais empáticas e solidárias, semeando valores de respeito, altruísmo e esperança. O engajamento permanente de indivíduos e instituições é fundamental para construir um futuro verdadeiramente inclusivo e humano – muito além de um único mês no calendário brasileiro. Dessa forma, as sementes de conscientização plantadas em setembro podem florescer ao longo de todo o ano, gerando frutos duradouros e transformações em prol de uma sociedade cada vez mais justa e solidária.
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