
No Brasil, o Dia da Imunização, celebrado em 9 de junho, serve como um marco fundamental para a conscientização sobre a importância das vacinas. Ainda que a vacinação infantil receba grande atenção, é preciso reforçar que a imunização na fase adulta é igualmente essencial para a saúde individual e coletiva. A ideia de que vacinas são exclusivas da infância é um equívoco que precisa ser desmistificado com urgência, especialmente diante do ressurgimento de doenças controladas e do envelhecimento da população.
Vacinar-se é um ato de responsabilidade contínua
Ao atingir a idade adulta, muitas pessoas deixam de considerar a vacinação como parte de seu cuidado regular com a saúde. No entanto, a imunidade adquirida na infância pode diminuir com o tempo, tornando a revacinação necessária para garantir a proteção contínua. Além disso, novas vacinas surgem com o avanço da ciência, sendo recomendadas para faixas etárias específicas ou para determinados grupos de risco.
Tomada de decisão baseada em dados
A confiança nas vacinas está diretamente relacionada ao acesso à informação de qualidade. De acordo com dados do Ministério da Saúde, apenas 40% dos adultos brasileiros mantêm a caderneta de vacinação atualizada. Essa estatística é preocupante, considerando que doenças imunopreveníveis continuam a circular e que, em alguns casos, são mais graves em adultos do que em crianças. Esses dados indicam a necessidade de uma estratégia mais proativa, que envolva profissionais de saúde, meios de comunicação e políticas públicas para engajar a população adulta na prevenção por meio da imunização.
Vacinas recomendadas na vida adulta
Entre as vacinas recomendadas na vida adulta estão a da gripe (influenza), hepatite B, tétano, difteria, coqueluche, febre amarela e, em alguns casos, HPV e pneumonia. A vacina contra a gripe, por exemplo, deve ser aplicada anualmente, principalmente em adultos com comorbidades, idosos, gestantes e profissionais da saúde. Já a vacina tríplice bacteriana (dTpa) precisa de reforço a cada 10 anos. Uma pesquisa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) evidenciou que a baixa adesão às vacinas na faixa dos 30 aos 59 anos está relacionada à falsa percepção de invulnerabilidade e à falta de orientação durante as consultas médicas. Ou seja, muitos adultos não se vacinam simplesmente porque nunca foram informados de que deveriam.
Prevenção e controle de surtos
A vacinação em massa de adultos é também uma barreira eficaz contra surtos de doenças que afetam grandes grupos. Durante a pandemia de COVID-19, o mundo viu claramente como a imunização em larga escala é capaz de salvar milhões de vidas e evitar o colapso de sistemas de saúde. Estudos da Universidade de Oxford mostraram que as vacinas contra a COVID-19 reduziram em até 95% o risco de hospitalizações em adultos imunocompetentes. Isso nos mostra que, em situações de emergência, os adultos são protagonistas do esforço coletivo para frear a disseminação de doenças. Portanto, manter-se vacinado é também um ato de solidariedade social.
Impacto da vacinação na longevidade e qualidade de vida
O avanço da expectativa de vida no Brasil e no mundo traz novos desafios à saúde pública. À medida que envelhecemos, nosso sistema imunológico se torna menos eficiente, o que aumenta a suscetibilidade a infecções. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacinação de adultos, especialmente idosos, reduz significativamente as taxas de mortalidade por doenças respiratórias, como pneumonia e gripe. A imunização na fase adulta também contribui para a manutenção da autonomia funcional. Um idoso que contrai uma infecção respiratória grave pode perder mobilidade e depender de terceiros para tarefas básicas, além de ficar mais propenso a outras complicações de saúde. Dessa forma, vacinar-se é uma medida preventiva não apenas contra doenças, mas contra o declínio da qualidade de vida.
Vacinação e doenças crônicas: uma relação essencial
Adultos com doenças crônicas como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e pulmonares têm um risco aumentado de complicações graves decorrentes de infecções. Nesses casos, a vacinação não é apenas recomendada — ela é parte do tratamento. A proteção contra doenças como gripe, hepatite B e pneumococo é indispensável para evitar descompensações clínicas. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que pacientes com doenças cardiovasculares que foram vacinados contra influenza apresentaram 40% menos internações por agravamento do quadro clínico. Ou seja, a vacina funciona como uma forma de blindagem para aqueles que já enfrentam outras fragilidades na saúde.
O papel da informação e do combate às fake news
Em tempos de desinformação digital, muitas pessoas acabam sendo influenciadas por mitos sobre os efeitos colaterais das vacinas. A resistência à imunização muitas vezes nasce do medo, alimentado por narrativas falsas e sem embasamento científico. É por isso que campanhas educativas contínuas são tão importantes. A OMS identificou a “hesitação vacinal” como uma das dez principais ameaças à saúde global. Combater esse fenômeno exige uma abordagem que una linguagem acessível, canais confiáveis e participação ativa de profissionais de saúde, que devem estar preparados para esclarecer dúvidas e apresentar os dados de forma clara.
Vacinar-se é cuidar de si e do outro
A vacinação é um pacto coletivo. Quando um adulto opta por se vacinar, ele não apenas se protege, mas também impede a circulação de agentes infecciosos que poderiam atingir outras pessoas — especialmente aquelas que não podem se vacinar por razões médicas. Esse conceito, conhecido como “imunidade de rebanho”, depende de altas coberturas vacinais para ser eficaz. Portanto, cada adulto vacinado representa uma barreira a mais contra surtos epidêmicos. Em um cenário ideal, a sociedade vê a vacina não como uma obrigação, mas como uma forma de cuidado mútuo.
Planejamento de saúde: a caderneta do adulto
Muitos adultos não têm o hábito de manter uma caderneta de vacinação atualizada. No entanto, essa prática deveria ser tão comum quanto realizar exames periódicos. Consultas de rotina são oportunidades perfeitas para revisar o esquema vacinal com o profissional de saúde e planejar futuras imunizações, considerando fatores como idade, comorbidades e viagens. Segundo a SBIm, o ideal é que todos os adultos tenham um documento — físico ou digital — onde constem as vacinas tomadas, com datas e doses. Essa prática simples pode fazer a diferença na hora de identificar quais imunizações estão pendentes e agir preventivamente.
O futuro da vacinação adulta: tecnologia e personalização
Com o avanço da medicina personalizada, a tendência é que a vacinação na vida adulta seja cada vez mais individualizada, levando em conta o histórico clínico e os riscos específicos de cada pessoa. Novas plataformas tecnológicas, como os aplicativos de saúde integrados ao SUS, podem facilitar o acesso às informações e melhorar a adesão ao calendário vacinal. Os esforços para ampliar o acesso e reduzir as desigualdades geográficas no fornecimento de vacinas serão decisivos. A construção de um sistema de saúde mais robusto e conectado com as necessidades da população adulta passa, necessariamente, pelo fortalecimento das políticas de imunização.
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Fontes: