Dia do Nutricionista – Dicas de alimentação saudável para a amamentação.

Compartilhe:
FacebookTwitterWhatsAppLinkedInShare
Imagem de duas mãos digitando no notebook com alimentos do lado, simbolizando uma nutricionista

O Dia do Nutricionista, comemorado em 31 de agosto, é uma data que homenageia os profissionais responsáveis por orientar escolhas alimentares saudáveis ao longo da vida. Coincidentemente, agosto também é conhecido como “Agosto Dourado”, um mês dedicado à promoção do aleitamento materno. Essa junção é perfeita para abordar um tema fundamental: a nutrição da mulher durante a amamentação. Segundo o Ministério da Saúde (2021), a alimentação equilibrada da mãe influencia diretamente na qualidade do leite materno e no seu próprio bem-estar. É por meio da alimentação que o organismo feminino repõe os nutrientes usados na produção de leite, preserva sua saúde física e emocional e assegura uma amamentação de qualidade para o bebê.

As exigências do corpo durante a amamentação

Amamentar é um ato que exige muito do corpo da mulher. A produção diária de leite pode demandar até 500 calorias extras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2003), principalmente nos primeiros seis meses, quando o aleitamento é exclusivo. Essa demanda energética é superior até mesmo à do terceiro trimestre da gestação, refletindo o esforço metabólico necessário para sustentar o crescimento e o desenvolvimento do bebê apenas com o leite materno. Além da energia, o organismo da lactante tem aumento significativo na necessidade de proteínas, para a síntese de componentes do leite, e de diversos micronutrientes, como cálcio, ferro, zinco, iodo, selênio, vitamina A, vitaminas do complexo B (especialmente B6 e B12), vitamina C e vitamina D. Essas substâncias são essenciais tanto para manter a saúde da mãe quanto para garantir um leite rico em nutrientes. A deficiência de alguns desses elementos pode comprometer a qualidade nutricional do leite e aumentar o risco de anemia, cansaço, alterações hormonais e queda de cabelo na mãe, além de afetar o sistema imunológico do bebê. Por isso, a alimentação deve ser cuidadosamente planejada. O Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde (2014), orienta que mulheres que estão amamentando devem priorizar alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, cereais integrais, feijões, ovos e carnes magras. Essas escolhas favorecem a produção de leite com qualidade nutricional adequada e protegem a mãe de deficiências nutricionais que podem surgir em caso de alimentação pobre ou desequilibrada.

Evite dietas restritivas nesse momento

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que dietas para perda de peso durante a amamentação devem ser evitadas, principalmente nos primeiros meses após o parto. A amamentação já contribui naturalmente para o gasto energético e a perda gradual de peso. O foco deve estar na alimentação variada, nutritiva e suficiente para atender as demandas fisiológicas da mãe.

O que comer: sugestões práticas com base científica

O cardápio da mulher que amamenta deve ser balanceado e diversificado. Conforme orientação do Ministério da Saúde (2021), um bom café da manhã pode incluir pão integral com ovo, uma fruta e leite ou iogurte. O ovo é fonte de colina, essencial para o desenvolvimento cerebral do bebê. No almoço e jantar, recomenda-se uma combinação de arroz integral, feijão, legumes, verduras e uma proteína magra, como frango ou peixe. A sardinha, por exemplo, é rica em ômega-3 e cálcio, e tem baixo teor de mercúrio – ideal para esse período, conforme indica a OMS. Vegetais como espinafre, couve e brócolis são boas fontes de ferro e cálcio vegetal. Os lanches intermediários também devem ser nutritivos. Castanhas e frutas secas são fontes de energia e gorduras saudáveis, enquanto frutas frescas como maçã, mamão e laranja oferecem fibras, vitamina C e antioxidantes. A OMS recomenda manter a variedade alimentar para garantir o aporte de todos os nutrientes necessários à lactante.

A hidratação da mãe que amamenta

A produção de leite aumenta a demanda por líquidos. Segundo a SBP, cerca de 3 litros de líquidos devem ser ingeridos diariamente por mulheres que amamentam, sendo pelo menos 2 litros em forma de água. Isso porque o leite materno é composto por mais de 80% de água, e a hidratação adequada ajuda a manter seu volume e composição. Manter uma garrafinha de água sempre por perto durante as mamadas é uma dica prática recomendada pelo Ministério da Saúde. Sucos naturais sem açúcar e chás suaves, como camomila e erva-doce, podem complementar a hidratação. No entanto, bebidas com cafeína devem ser consumidas com moderação.

Cuidado com a cafeína e o álcool

A cafeína, presente no café, chá preto, chá-mate e refrigerantes, passa para o leite e pode causar irritabilidade e distúrbios do sono no bebê. Segundo a OMS, o consumo diário não deve ultrapassar 300 mg – o equivalente a duas xícaras de café. O ideal é evitar consumir bebidas com cafeína logo antes das mamadas. Quanto ao álcool, a recomendação é ainda mais restrita. O Ministério da Saúde e a SBP são enfáticos ao afirmar que o consumo de bebidas alcoólicas deve ser evitado durante a amamentação. O álcool atinge rapidamente o leite e pode comprometer o desenvolvimento neurológico do bebê.

Alimentos que devem ser evitados ou reduzidos

Alimentos ultraprocessados – como salgadinhos, refrigerantes, bolachas recheadas, fast-food e comidas congeladas prontas – devem ser evitados. O Guia Alimentar destaca que esses produtos contêm excesso de açúcar, sódio, gorduras ruins e aditivos químicos, prejudicando a saúde da mãe e do bebê. A SBP também chama atenção para o consumo de frituras e embutidos, como salsicha, linguiça e presunto. Esses alimentos não só são pobres em nutrientes, como podem favorecer inflamações e desconfortos gastrointestinais. Além disso, há relatos de mães que observam aumento de cólicas nos bebês após consumir certos alimentos, como feijão, brócolis, couve-flor e chocolate. Embora as evidências científicas não sejam conclusivas, é válido observar e testar a exclusão temporária desses itens quando houver sinais de desconforto no bebê.

O que fazer em caso de alergias ou cólicas frequentes

Se houver suspeita de alergia ou intolerância alimentar do bebê (como alergia à proteína do leite de vaca), a orientação da SBP é buscar um acompanhamento profissional. Um nutricionista pode ajudar na elaboração de um plano alimentar que exclua os alimentos suspeitos sem comprometer o aporte de nutrientes da mãe.

O papel do nutricionista durante a amamentação

A atuação do nutricionista é fundamental nesse período. De acordo com a Federação Nacional dos Nutricionistas (FNN), esses profissionais são responsáveis por orientar escolhas alimentares seguras, prevenir deficiências nutricionais e ajustar a dieta de acordo com condições especiais, como vegetarianismo, diabetes gestacional ou perda de peso pós-parto. O acompanhamento nutricional ajuda a mãe a manter-se saudável e confiante, promovendo uma experiência mais tranquila com a amamentação. Além disso, o nutricionista atua diretamente na educação alimentar, ajudando a desconstruir mitos muito comuns nessa fase, como a ideia de que certos alimentos “secos” ou “frios” afetam o leite, ou que a mãe precisa “comer por dois”. Segundo o Ministério da Saúde, o profissional de nutrição também contribui na prevenção de problemas como anemia, deficiência de cálcio e carência de vitaminas do complexo B, que são comuns no pós-parto se a alimentação for inadequada. Alimentar-se bem durante a amamentação é um gesto de cuidado com a própria saúde e com a saúde do bebê. Uma dieta equilibrada, colorida, rica em alimentos naturais e acompanhada de boa hidratação contribui para a qualidade do leite e para o bem-estar físico e emocional da mãe. Neste Dia do Nutricionista, reconhecemos o valor de quem orienta com responsabilidade, ciência e empatia. Mais do que uma questão estética ou de peso, a nutrição na amamentação é uma ferramenta poderosa de amor, proteção e fortalecimento do vínculo entre mãe e filho. E com boas informações e apoio profissional, essa jornada pode ser ainda mais leve e feliz.

Quer saber mais sobre saúde, nutrição e bem-estar na maternidade? Explore outros conteúdos no nosso blog e fique por dentro de dicas valiosas para viver essa fase com mais segurança, equilíbrio e carinho.

Fontes:

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2022/dia-do-nutricionista#:~:text=Voc%C3%AA%20sabia%3F%20A%20data%20de,tamb%C3%A9m%20o%20tratamento%20de%20doen%C3%A7as

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2018/alimentacao-durante-a-amamentacao-o-que-comer-e-evitar#:~:text=A%20%20alimenta%C3%A7%C3%A3o%20da%20m%C3%A3e,arroz%2C%20feij%C3%A3o%2C%20carnes%20e%20ovos

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/24585d-GPRATICO-GuiaPratico_de_AM-Atualizacao.pdf

https://www.who.int/health-topics/breastfeeding#tab=tab_1

https://www.fnn.org.br/