A doença
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por vetores artrópodes, que possui dois ciclos epidemiológicos distintos de transmissão: silvestre e urbano. A vacina é a principal ferramenta de prevenção e controle da doença.
No entanto, é importante entender a diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre. Do ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico, a doença é a mesma nos dois ciclos.
No ciclo silvestre da febre amarela, os primatas não humanos (macacos) são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus, e os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao adentrar áreas de mata.
No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão ocorre a partir de vetores urbanos (Aedes aegypti) infectados. Por isso, a população não deve descuidar dos criadouros dos mosquitos. A dica é sempre adotar hábitos como armazenar lixo em sacos plásticos fechados, manter a caixa d’água vedada e não deixar água acumulada em calhas.
Também é importante encher com areia os pratinhos dos vasos de plantas e tratar a água de piscinas e espelhos d’água com cloro.
Fatores de risco
Pessoas que nunca entraram em contato com a febre amarela ou nunca se vacinaram correm o risco de contrair a doença ao viajarem a locais em que a doença é ativa, mesmo que não haja casos recentes reportados.
Muitas pessoas não apresentam sintomas e quando os apresentam, os mais comuns são:
- Febre
- Dores musculares no corpo, principalmente nas costas
- Dor de Cabeça
- Perda de apetite
- Náuseas e vômito
- Olhos, face ou língua avermelhada
- Fotofobia
- Fadiga e fraqueza
Os sintomas nesta fase da doença costumam durar entre três e quatro dias e passam sozinhos.
No entanto, algumas pessoas podem desenvolver sintomas mais graves cerca de 24 horas após a recuperação dos sintomas mais simples. Nesta fase, chamada de tóxica, o vírus pode atingir diversos órgãos e sistemas, mas principalmente o fígado e rins.
Os sintomas dessa fase são:
- Retorno da febre alta
- Icterícia, devido ao dano que o vírus causa no fígado
- Urina escura
- Dores abdominais
- Sangramentos na boca, nariz, olhos ou estômago
Em casos ainda mais graves, o paciente pode apresentar delírios, convulsões e até entrar em coma.
Tratamento
O tratamento é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado.
Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em Unidade de Terapia Intensiva. Salicilatos devem ser evitados (AAS e Aspirina), já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
O Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas que moram ou têm viagem planejada para áreas silvestres, rurais ou de mata verifiquem se estão vacinadas contra a febre amarela. Em geral, a vacina passa a fazer efeito após um período de dez dias.
Vacina
A vacina contra febre amarela é feita com vírus vivos, enfraquecidos a ponto de não provocar uma infecção, apenas fazer com que o organismo reconheça e comece a produzir anticorpos.
No entanto, em idosos ou crianças abaixo de seis meses de idade, o sistema imunológico está debilitado e é possível que, em vez de ter proteção, a pessoa desenvolva a doença como um efeito colateral, explica a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), Ana Karolina Marinho.
“É uma reação importante, como se fosse a infecção pela febre amarela, porém causada pela vacina. Só se pode vacinar acima de 60 anos se for um idoso saudável e não tiver nenhuma doença importante que provoque a queda na imunidade”, alerta.
No caso dos bebês, Leandro Giro, pediatra coordenador do CTI Pediátrico do Centro Pediátrico da Lagoa, do Grupo Prontobaby, explica que eles apresentam um risco maior a efeitos colaterais.
“Em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para estes grupos”, explica.
Já os alérgicos a ovo também podem ter problemas com a vacina, pois o imunizante é desenvolvido no ovo de galinha. “A contraindicação é para quem tem choque anafilático a ovo. No caso de reações leves, pesamos o custo benefício da aplicação da vacina”, explica Ana Karolina.
Revisão técnica
Prof. Dr. Max Grinberg
Núcleo de Bioética do Instituto do Coração do HCFMUSP
Autor do blog Bioamigo
Fonte: site Coração e Vida, produzido com a curadoria do cardiologista Dr. Roberto Kalil Filho.
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